Depois de Mianmar, Tailândia e Laos… hora de pousarmos no Vietnã. E essa chegada não poderia ter sido mais emocionante.
Ainda não sabíamos se iríamos para o Camboja depois, por isso, queríamos pegar um transporte que fizesse Laos – Vietnã sem passar pelo país, pois teríamos que pagar para fazer o visto cambojano. Procuramos, procuramos e finalmente, achamos uma van, em outra cidade, que iria direto pra lá. Cinco da manhã, vieram nos buscar. A van era limpinha, com ar condicionado e vazia, ufa. A viagem ia ser longa, então poderíamos ir até deitadas.
O único problema era o motorista que não falava meia palavra em inglês. Nós perguntávamos: “Vietnã, right?” e ele dava de ombros. Deu dez minutinhos e a van parou, o motorista começou a enfiar mil chinelos lá dentro. Depois, mais mil sacolas de alho. E então começou a lotação. A essa altura, já não era mais nem uma pessoa por banco, era passageiro até no nosso colo! E assim seguimos, por mais de 20 horas: numa van abarrotada, em estradas infinitamente curvilíneas, sem nem saber se estávamos indo ao lugar certo…
Depois dessa aventura (é, foi perrengue!), finalmente chegamos! E, para mim, o Vietnã foi amor à primeira vista. Conversando com outras pessoas que fizeram esse roteiro, muitos me confessaram não gostar tanto de lá, ou do povo. Eu me apaixonei, e com certeza moraria lá facilmente. Realmente, comparando aos outros países do sudeste asiático, o país deixa a desejar em picos paradisíacos e, principalmente, na vibe relax. Mas é uma cultura tão pulsante e autêntica que não me deixava piscar!
Fizemos o roteiro de baixo pra cima. Então, a primeira parada foi Ho Chi Minh (ou Saigon), a antiga capital. No primeiro dia, fizemos um tour pelos museus para entender um pouco melhor o país antes de seguir o roteiro. Essencial. Prepare-se para virar fã (assim como os vietnamitas) do ex-presidente Ho Chi Minh, ou, como chamam, Tio Ho. Prepare os lencinhos também, você verá como a guerra afeta o país até hoje.
Nós estávamos com amigos que já haviam morado lá. Por isso nossa estadia foi atípica: piscina pública e night de local. Nada turístico. Tudo de bom. E não dá para não falar dela: a comida! Palmas de pé! São muitas opções para pouca viagem, e tudo é saborosíssimo! Fazíamos cinco refeições por dia e parávamos a cada belisquete.
De lá, fomos para Mui Ne. Uma cidade simples de praia, uma gracinha. O must see de lá são as dunas infinitas. Realmente, são lindas. Mas se você já foi ao Maranhão é completamente dispensável. Se gostar, se esbalde nos frutos do mar.
A terceira parada foi em Nha Trang. Eu nunca fui, mas as meninas falaram que lembrou o Havaí. Um auê: prédios grandes, feiras de rua, nights na areia, lojas e camelôs. Tudo misturado em algo que deu certo! Depois descobrimos que lá também tem um parque aquático. Não me perdoo até hoje por ter deixado essa passar, mas fica a dica.
Chegou a hora da cidade queridinha de todos os mochileiros: Hoi An. É uma espécie de Paraty vietnamita. Cortada por um rio, a cidade tem ruas de pedra, muito artesanato e refeições em barquinhos. Difícil não se apaixonar.
Já a última – e mais cheia – parada foi em Hanoi. Um lugar borbulhante! Parece uma cidade parada no tempo, lembra um clima meio Blade Runner.
Foi lá que tomamos nossa única chuva em três meses. Mas combina com a cidade, já que ela praticamente pede um dia cinza. E não deixa de ser linda por causa disso! Um lugar que, definitivamente, me emocionou.
A cidade em si já merece uma atenção especial. Mas ela ainda é ponto de partida para outros dois passeios que todo mundo faz: Sapa e Ha Long Bay. O problema é que esses dois spots me decepcionaram bastante. Não me arrependi de ir a nenhum dos dois, nem um pouco. Mas todo mundo os trata como “não pode faltar” e, sinceramente, pode sim.
Sapa de fato é muito exótico. A cultura e as etnias são muito bem preservadas, mas em prol do dinheiro. Percebi isso com a insistência de adultos e crianças tentando empurrar souvenirs a todo custo. Tirando isso, os campos de arroz realmente são lindos, você se sente em um livro de geografia. Mas se você for para a Indonésia também, pode deixar para ver lá, onde são ainda maiores!
Já Ha Long Bay vale a pena se não estiver nublado – o que é muito raro. No meu caso, visitei um patrimônio natural exuberante, mas sem enxergar um palmo a frente do meu nariz, pegando uma garoa de brinde. Para piorar, quando você entra em alguma das famosas cavernas (que são realmente impressionantes!), encontra um show de led mega colorido dentro delas! O retrato de o “mundo faz e a gente desfaz.”
O Vietnã não é para os fracos. E também não é um lugar unânime.
Muitos reclamam que o Vietnã é cinza, rude ou barulhento. Mas quem disse que o caos não é lindo?