Chica e Isabela Capeto: maternidade, amizade e profissão

por Cantão

Colo de mãe é sinônimo de cuidado e aconchego, é uma daquelas certezas que a gente tem pra vida toda; aquele lugar especial e exclusivo. A Chica Capeto entendeu isso desde nova, já que mesmo com a rotina de trabalho corrido da mãe, nunca desgrudou dela. Essa conexão toda fez com que as duas se tornassem amigas-irmãs, daquelas que trocam confidências e muitas referências. ” Desde pequena ela sempre quis me mostrar tudo, me levar em tudo e acho que justamento por isso que eu tenho esse lado artístico: porque ela me mostra tudo dela e ela é muito artística”, conta Chica.

Elas estão aproveitando o isolamento social pra cozinhar, tirar fotos e curtir o apê mais colorido do Rio. Pra aliviar a tensão, também pintam e criam juntas. Quer entender mais essa relação super inspiradora e de admiração mútua? Veja o bate-papo com a Chica.

 

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“Agora que eu fiquei adulta e ela tinha viagens de trabalho e podia levar assistente, ela me chamava. Ela me incluía muito na vida dela, o que é muito maneiro. Hoje em dia a gente tem uma relação de contar tudo, de brigar e ficar bem rápido.”

 

A sua mãe deve ter sido um referencial importante pra tudo o que você faz, né? Você acha que estar imersa nesse universo colorido desde pequena foi essencial pra ditar sua inclinação artística?

Eu acho que sim, que estar imersa nesse universo me fez criar essa identidade. Eu ia em todos os desfiles, eu via tudo e sempre fui muito curiosa de querer saber como ela fazia e querer ficar no ateliê o dia inteiro. Então, com certeza. A minha mãe é a minha maior influência em tudo. Acho que ela fez com que eu gostasse de arte. Quando eu era pequena, eu achava que era chato ir pro museu, sabe? E quando eu cresci eu vi que, caraca, ainda bem que a minha mãe me levava nesses lugares, porque criou quem eu sou e hoje em dia eu amo.

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Assim como ela, você tem uma identidade muito própria na hora de criar, com a sua personalidade. Como você foi construindo esse olhar?

Cada viagem que eu faço, escolho os museus que eu quero ir e os lugares que eu quero visitar. Então, quando eu viajo, vou em trezentos mil museus, em várias galerias, em mil brechós. Assim, eu tô sempre procurando ver coisa nova e achar coisas novas faz com que o seu olhar fique atento para coisas que você gosta, sabe? Eu fui vendo o que eu gostava porque eu tava sempre aberta pra ver coisa nova.

Com o distanciamento social, as relações familiares mudaram bastante. Como tem sido pra vocês duas?

A minha relação com a minha mãe é muito boa. A gente briga, discute, mas faz as pazes um segundo depois. Então as brigas não têm tanta importância, sabe? Porque a gente fica bem rápido. Tem sido muito bom. Temos cozinhado e ficado muito juntas, o que não acontecia muito antes disso. Ela trabalha muito e eu tenho faculdade e acordava muito cedo, a gente não se via.

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Você moram em um apê muito alegre e que reflete muito a personalidade das duas, com muitos elementos de brasilidade e artesanato. Como tem sido ficar em casa e o que você tem feito pra aliviar as tensões?

Realmente, a gente mora num apartamento que é um privilégio, que é grande e tem muita coisa pra ver, como as obras de arte, que minha mãe tem muitas. Eu não fico entediada, sabe? Pra aliviar a tensão, a gente pinta, desenha, cozinha. Eu tenho tido muito trabalho da faculdade, o que me deixa um pouco nervosa, mas, ao mesmo tempo, eu tenho coisa pra fazer, então me distraio.

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Qual é o trabalho dela que você mais curte? Suspeita qual seja a sua criação que ela mais goste?

Eu não sei o trabalho dela que eu mais curto, porque eu realmente amo todos. Toda coleção que ela faz tem coisa que eu ame. Essa coleção de agora eu tô apaixonada. Só tem coisa linda. E ela diz a mesma coisa das minhas criações. Tudo o que eu mostro ela curte.

Em várias entrevistas a sua mãe conta que quando descobriu que teria uma filha, queria uma amiga para todas as horas. Por isso, fez questão que você participasse do dia a dia de trabalho dela, viagens e tudo mais. Conta um pouco como vocês construíram essa relação de amizade, sendo mãe e filha.

A minha mãe sempre fala isso, essa expressão que, quando ela tivesse filho, ela queria que fosse igual a uma mão e vivesse grudada com ela. E é verdade. Assim, desde pequena todas as coisas que ela faz eu vou, todas as viagens. 

Agora que eu fiquei adulta e ela tinha viagens de trabalho e podia levar assistente, ela me chamava. Ela me incluía muito na vida dela, o que é muito maneiro. Hoje em dia a gente tem uma relação de contar tudo, de brigar e ficar bem rápido. 

 

A gente tem uma relação bem de mãe-amiga, que às vezes é meio caótica, mas é incrível também. É isso: desde pequena ela me dava um livro de arte, um de faça você mesmo, um de pulseirinha de pom pom, umas coisas assim.  Teve até agora um trabalho que ela fez e eu tava viajando. Ela fez  um trabalho com a Stella que ficou incrível e todo mundo mandando foto. Acho que foi uma das únicas coisas que eu não acompanhei dela.

 Desde pequena ela sempre quis me mostrar tudo, me levar em tudo e acho que justamento por isso que eu tenho esse lado artístico: porque ela me mostra tudo dela e ela é muito artística.

É bonito de ver essa conexão entre as duas, né?