Pink Floyd, Bob Dylan, Jimi Hendrix, Mumford and Sons, Boy and Bear e Alabama Shakes são alguns dos gigantes que formam o enorme balaio de influências clássicas e contemporâneas que é a Gelpi, revelação musical de Porto Alegre.
A história da banda é um retrato da indústria fonográfica contemporânea – e, claro, um sinal dos tempos. Primeiro, a ausência de definições e amarras musicais: o grupo deu seus primeiros passos em família, com dois irmãos que tocavam surf music, rock e hardcore no colégio. Depois, o berço digital, é claro. Quem gosta de música, sabe bem que a Internet é um verdadeiro parque de diversões.
Que “o novo sempre vem”, não restam dúvidas. A máxima eternizada por Elis Regina costura muito bem a história do grupo. O flerte da família Gelpi com o folk começou pouco tempo depois de uma viagem do irmão mais velho, Bolívar, para a Austrália em 2013. Em seis meses, ele conheceu novos sons, buscou referências e se aproximou ainda mais de uma cena musical até então pouco explorada no Brasil.
De volta para casa, retomou a parceria musical com o irmão Pedro. Laura, a irmã caçula, que também se apaixonou cedo pelo piano, acabou se rendendo e arregaçando as mangas para ajudar a formar a banda. “Creio que há dois elementos principais quando se faz música em família: sintonia e olhar crítico apurado. Essa combinação é super complementar, e rende bons frutos na nossa relação!”, conta a única mulher no sexteto.
Da web para os palcos
Foi quando eles criaram um projeto acústico de covers no YouTube que a banda estourou e finalmente ganhou fôlego para alçar voos mais altos. Desde que pisaram nos palcos por aí, não pararam mais.Com pitadas de indie, rock, country e blues, a formação atual é composta por Bolívar (vocal e violão), Pedro (vocal, violão e banjo), Laura (vocal e teclado), Erik Feller (baixo), Fernando Pellegrini (bateria), e Lucas Varisco (guitarra e mandolim). O clima segue em família, já que todos são amigos de longa data.
Nas apresentações sempre pulsantes, a Gelpi interpreta diversos artistas do cenário internacional, além de tocar composições próprias. As faixas são livres de rótulos, provando que não são os estilos musicais que os definem.
O nosso som é uma consequência do que a vida nos proporciona. Somos muito ligados a natureza, à cultura do surfe, prezamos boas amizades e boas experiências. Buscamos criar algum tipo de conexão com quem esteja ouvindo e transmitir algo positivo. A energia que nos contagia faz a gente acreditar cada vez mais no nosso trabalho”, pontuam.
Se opor ao senso comum, questionar padrões, inovar e garimpar novos timbres são palavras de ordem do grupo. Durante as gravações, gostam de criar pluralidades sonoras explorando instrumentos diversos, como o naipe de metais, o conjunto de cordas, os sintetizadores, o acordeão e até a harmônica. Se fazer valer de instrumentos pouco ortodoxos, como o lap steel (guitarra de colo) e o mandolim, também são algumas das experimentações dos gaúchos.
Em 2016, a banda lançou seu primeiro álbum digital, “Blood Ties”, em parceria com a Loop Records e o estúdio Red Garage. A música “Spaceships”, foi destaque no Spotify, entrando para as principais playlists brasileiras como “Indie Folk”, “Novo Som” e foi até escolhida como “Música do Dia” dentro da plataforma.
Mesmo com tão pouco tempo de estrada, a originalidade do grupo já os levou para grandes palcos dentro e fora do Brasil. Além de figurar no line-up de festivais como o Sofar Sounds, o Fellas Music Fest e o MECA, em 2017, a banda venceu o concurso EDP Live Bands Brasil e teve a oportunidade de participar do festival NOS Alive, em Lisboa, dividindo palco com grandes sucessos do folk/indie, como o Cage the Elephant e o Fleet Foxes.
Serem escolhidos entre outras 1.600 bandas também rendeu um contrato com a Sony Music Brasil. Agora com residência fixa no Rio, eles finalizam a gravação do seu segundo disco, com previsão de lançamento em 2018.
“O disco novo vem mais maduro. Muito pela experiência de já termos passado pelo processo de composição e gravação, e agora também pela participação de novos músicos [Nando e Lucas não são da formação original da banda], que enriqueceram o nosso universo musical com novas referências e estilos. De novidade, temos composições em português, um grande desafio para uma banda como nós, onde quase todas referências são internacionais. Estamos bem felizes com o resultado”, comemora Bolívar.
O som dxs meninxs é daqueles que a gente ouve aos poucos, devagar, sem pular os finaizinhos, com toda a calma do mundo. Depois, ouve de novo. E de novo! Uma dica? Fique de olhos (e ouvidos) atentos para o que elxs estão aprontando!