Três cineastas para não perder de vista

por Fabiane Secches

Os três melhores filmes a que assisti em 2017 foram escritos e dirigidos por mulheres: O que está por vir, de Mia Hansen-Løve, Toni Erdmann, de Maren Ade, e Jovem Mulher, de Léonor Serraille.

Abaixo, escrevi um pouco sobre cada um, listando os filmes na ordem em que foram lançados no Brasil:

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O que está por vir (L’Avenir), 2016 |  Mia Hansen-Løve 

Nesse filme franco-germânico, acompanhamos a história de Nathalie Chazoux (Isabelle Huppert), uma professora de filosofia que está enfrentando importantes transformações em sua vida pessoal e profissional. Às voltas com a doença da mãe e uma crise em seu casamento, Nathalie vê seus livros serem considerados anacrônicos enquanto ela mesma se sente fora de lugar. A atuação da ótima Isabelle Huppert garante ao filme ainda mais vivacidade.

Embora a cineasta tenha menos de 40 anos, retrata com sensibilidade o percurso de envelhecimento. O longa recebeu o prêmio de melhor direção no Festival de Berlim.

O que está por vir traz um sopro sereno e até mesmo esperançoso, sem recorrer a lugares-comuns. É precisamente nesse equilíbrio delicado que está o seu maior mérito.

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Toni Erdmann (Toni Erdmann), 2016 | Maren Ade

Escrito e dirigido pela alemã Maren Ade (do ótimo Todos os Outros, 2009), o longa de três horas é uma das experiências cinematográficas mais originais dos últimos tempos. O enredo cheio de curvas estranhas dificilmente pode se enquadrar em uma sinopse tradicional, mas podemos dizer que Toni Erdmann é uma bonita e conflituosa história de amor entre pai e filha.

Sandra Hüller, que interpreta Ines, e Peter Simonischek, pai da protagonista, estão fabulosos em seus papéis. Um filme que emociona e faz rir, mas, principalmente, nos lembra da grande beleza que o bom cinema é capaz de criar. Toni Erdmann foi indicado ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro em 2017, ao Globo de Ouro e ao BAFTA. Maren Ade também foi nomeada à Palma d’Or em Cannes.

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Jovem Mulher (Jeune Femme), 2017 | Léonor Serraille

Assisti a Jovem Mulher no cinema na última semana de dezembro e não poderia ter encerrado o ano em melhor sessão. O enredo é simples: acompanhamos a odisseia confusa de Paula Simonian (Laetitia Dosch) pelas ruas de Paris depois do fim de uma relação de dez anos, que a trás de volta à cidade.

Dizendo assim, pode soar como tantas outras comédias românticas, mas acredite: é uma preciosidade. A diretora estreante, Léonor Serraille, não faz malabarismos. Com simplicidade, conduz o filme de maneira tão envolvente que me fez ir ao cinema duas vezes seguidas.