A dupla é carioca. Ela, filha de um dos maiores nomes da música popular brasileira. Ele, filho de desembargador. Aos 7 anos, gravou sua primeira canção, “Samba de Maria Luiza”, ao lado do pai, o maestro Tom Jobim. Ele também é parceiro musical da Mahmundi, um dos nomes mais bem sucedidos da nova safra da MPB. Maria Luiza Jobim e Lucas de Paiva formam o duo Opala que acaba de lançar, em formato digital, o primeiro disco de estúdio.
A criação artística do álbum de estreia do Opala foi um processo. “É difícil determinar quanto tempo levou o processo de criação porque as coisas estão sempre acontecendo e não acontecendo ao mesmo tempo. Pode se dizer que desde que lançamos o EP nós já estávamos trabalhando no primeiro disco. A gente já tinha músicas novas e nós já estávamos andando pra frente. Com o passar do tempo nós fomos escrevendo mais músicas e limando outras. Em algum momento nós paramos de fazer shows para “focar no disco”, mas acabamos também dando um tempo para as outras coisas na vida. A Luiza voltou à faculdade e voltou a concentrar nos estudos e eu concentrei em meus outros projetos e produções. Nós nos encontrávamos mas muitas vezes nossos encontros geravam mais conversas e sessões ouvindo música do que novas ideias em si“, conta Lucas.
Luiza completa: “em algum momento há um ano e meio nós começamos a juntar pedaços de ideias e fomos completando arranjos e melodias com letras e daí saíam as músicas. Conforme nós íamos terminando as ideias a gente ia montando as partes do quebra cabeça. Quando entramos no estúdio para fazer alguns overdubs e mixagens, quase tudo estava pronto, com exceção de Broken que ainda era só meio que algumas ideias. Tem muitas coisas rejeitadas, mas nada do que foi rejeitado está realmente completo, a gente só consegue terminar uma música se a gente gosta dela o suficiente para completá-la“.
O duo inova também ao lançar uma versão do álbum em fita cassete. “Nós não esperamos que as pessoas toquem as fitas em casa, eu acho que a compra de música em sua forma física virou uma coisa meio simbólica. Daqui há pouco não haverá mais toca CD. As pessoas hoje em dia ouvem músicas em caixinhas portáteis que funcionam via bluetooth e os laptops mais novos não tocam CD. E o maravilhoso vinil que todos amam ainda é um mercado muito pequeno e eu confesso que eu tenho toca discos em casa e muitas vezes opto por ouvir as versões digitais da minha coleção. Gosto de vinil, me disponho a comprar vinil, até lanço vinil no meu selo com Gabriel Guerra, o 40% Foda/Manerissimo, mas eu não ficaria decepcionado se alguém comprasse um disco e nunca tocasse, preferindo ouvir o link de YouTube“, explica Lucas.
Para Luiza, “a fita é absolutamente linda e ao comprá-la a pessoa está adquirindo uma representação física da música que gosta (ou simplesmente adquirindo um objeto bonito), ouvir a fita não é importante porque existem formas mais práticas de ouvir nossas músicas, mas engajar na compra do objeto é algo importante e divertido“, pondera.
O registro homônimo, que foi concebido no estúdio carioca Rock it!, de Dado Villa-Lobos (Legião Urbana) e Estevão Casé (cantor, produtor e instrumentista), conta com 11 canções, das quais nove são inéditas e duas são releituras de faixas do primeiro trabalho da dupla, que chegou ao público em 2013.
Imperdível, hein? 😉