Juliana Vomero é designer, ilustradora e atualmente dedica parte de seu tempo às pinturas e experiências gráficas. Gosta de fazer misturas e experimentar diferentes técnicas e materiais.
Na entrevista abaixo, Juliana nos contou um pouco de suas inspirações e referências.
Como você costuma trabalhar?
Eu faço desenhos e estudos no meu sketchbook, rabiscos e testes de cor, é sempre um bom ponto de partida. Mas na hora que eu vou criar uma ilustração ou uma pintura, sou bastante intuitiva. Tento não planejar muito e as coisas vão nascendo ao longo do processo. Sempre tentei controlar muito os desenhos e acabava frustrada porque o resultado não era o que eu tinha imaginado. Aprendi a importância de desapegar e que o erro faz parte. Não busco a perfeição, prefiro que meu trabalho mostre a minha energia. Tenho começado muitas ilustrações a partir de testes e de coisas que deram errado.
Como a sua formação em moda e depois em design gráfico contribuem para o seu trabalho autoral hoje?
A moda me fez abrir os olhos para coisas que eu não conhecia, e me deu a bagagem que eu não tinha. Desenhei muito na faculdade, mas nunca imaginei que iria trabalhar com isso. Quando me formei, não queria mais saber de moda e hoje me pego voltando toda hora para ela. Vejo a estamparia presente de alguma forma no meu trabalho, então resolvi começar a estudá-la para entender melhor os processos e acrescentar esse conhecimento ao trabalho. O design gráfico me permitiu ver diferentes possibilidades para a ilustração e me ajuda também a organizar a bagunça na minha cabeça, a dar algum equilíbrio.
Quais são as suas principais referências e inspirações?
Tenho meus apeguinhos que são alguns detalhes que me encantam. Podem ser combinações de cores, texturas, minhas folhas de testes de serigrafia! Criei um universo onde misturo a representação do humano com aspectos da natureza, me inspiro em pessoas reais com sentimentos reais, em mulheres principalmente. Deixei um estudo lá atrás que falava sobre a arquitetura da natureza e tinha como base o trabalho do fotógrafo Karl Blossfeldt que fazia fotos em macro das plantas, isso é algo que eu quero resgatar. Alguns artistas que me inspiram muito são Guim tió, Olaf hajek, Miss Van, Andrea Wan, Maria Herreros, Catarina Gushiken, Thiago Thomé, Zansky, Marlene Dumas, Egon Schiele e Klimt.
Como você vê o mercado de arte independente no Brasil?
Vejo que a produção independente como um todo tem crescido bastante. Tem um movimento forte em São Paulo, onde eu moro, com muita gente bacana produzindo e muitas pessoas interessadas em conhecer esses artistas e artesãos. Acredito que esse movimento tem acontecido por outras cidades do Brasil também. Temos mais feiras independentes rolando, e isso é importante para trazer o brasileiro, que no geral não está acostumado a consumir cultura, mais próximo da arte.
Tem algum trabalho que tenha sido especial para você ou alguma peça que seja especialmente querida?
Tem, sim! Fiz uma pintura de boas-vindas para a minha sobrinha Georgina que nasceu ano passado. Além de ter sido um presente especial, feito com muito carinho, é também uma pintura da qual eu me orgulho muito.