Ela é potiguar e depois de passar uma temporada no Rio, está de malas prontas pra uma estadia em São Paulo. Juliana Linhares é cantora e, junto com os músicos cariocas Frederico Demarca e Rafael Lorga, forma a banda Pietá que, nos últimos três anos, vem se destacando no cenário musical.
A voz arrebatadora de Juliana e a forte presença de palco do trio — o show da Pietá tem influências teatrais e audiovisuais — chamou a atenção do renomado diretor João Falcão e os três foram selecionados para o elenco do musical “Gabriela Cravo e Canela” que estreia no final de maio em Sampa. Formada em artes cênicas, Juliana vem do teatro e o palco é seu lugar sagrado. “Estudo direção e estar em cena também me deixa embebida de brilho”, afirma.
Juliana e seus companheiros de banda ficarão três meses, full time, na terra da garoa, entre os ensaios e o período em que o espetáculo estará em cartaz e com exceção da atriz que interpretará a personagem título, ninguém sabe qual personagem irá interpretar. “É um processo colaborativo, ninguém tem papel definido. Provavelmente só saberemos quando começarem os ensaios“, diz Juliana.
Fã de Gal, Bjork, Maria João, Concha Buika, Ivete e Amy, as influencias de Ju são repletas de ícones pop. Mas sua inspiração artística vai além. “Amo as escolhas de cena da Calcanhoto, ela é uma baita diretora, fico sempre curiosa pra ver o que ela vai mostrar nos shows. Ver a Karina Buhr também me instiga“. A artista está inserida numa geração de músicos que são bombardeados pela cultura pop e estes atravessamentos artísticos fazem parte do seu cotidiano.
“Me inspira o que me atravessa. O que me toma e me faz canal de algo que precisa ser dito. Uma agonia pelo mundo, uma tristeza, uma vontade imensa de estar viva e atenta, isso me faz querer abrir a boca ou iniciar um projeto. O nordeste, minhas raízes me emocionam“, completa.
Ju Linhares se viu fisgada, pra sempre, pela música em 2008 quando, ainda estudante de arquitetura, participou de um show em homenagem ao centenário de Cartola. Inserida naquele contexto, ‘por acaso’, no meio de vários músicos da cidade de Natal, ela soltou a voz e àquela noite, de alguma forma, a sacudiu. “Após esta apresentação, fui convidada pra entrar num projeto semanal de samba e bossa nova. Foi a partir daí que ganhei meus primeiros cachês como cantora“.
A vida de quem (sobre)vive de música independente no Brasil não é (nada) fácil. “Eu cantava e ia aprendendo na hora. Me afinava com os músicos que me acompanhavam e com as próprias canções. Esse processo foi uma escola incrível”, conta. “É a arte dos meus contemporâneos que me leva, é com eles que caminho e construo agora“, diz Juliana cujo primeiro álbum de sua banda integra o selo Porangareté (o mesmo do Chico Chico, filho de Cássia Eller).
Mesmo com a agenda cheia, os planos profissionais pra 2016 estão a todo vapor. Além de voltar aos palcos como atriz, pretende rodar o Brasil com a Pietá, começar a pensar no próximo disco da sua banda e na produção de um show junto com suas contemporâneas, as talentosas cantoras Julia Vargas e Duda Brack.
Sou fã da Ju e, por aqui, fico na torcida pra ela concretizar todos seus planos e continuar nos enchendo de arte! 🙂
créditos das fotos: Clarice Lissovsky