Uma das sortes que eu tenho é ter a Marcella como irmã e como inspiração. Designer de joias, ela se dedica a ourivesaria trabalhando manualmente com metais e pedras semi-preciosas, buscando formas atemporais. A Mabo, sua marca de confecção artesanal busca um encontro entre a pessoa e a joia.
A ourivesaria é uma arte milenar, que durante anos foi dominada pelos homens, mas que cada vez mais mulheres estão se aventurando. Para entender um pouquinho mais desse trabalho tão lindo e importante, conversamos com ela:
A ourivesaria é uma profissão antiga, com técnicas e conhecimentos que são passados de geração em geração. Como ela entrou em sua vida, e como você se tornou designer de joias?
Durante o curso de Design na Puc me deparei com uma matéria chamada design de adornos pessoais que logo me encantou pela liberdade de experimentação formal que o design de joias permitia. Como as aulas eram muito teóricas, fiquei curiosa com o processo de produção das peças, então logo me matriculei em um curso de ourivesaria que frequentei por dois anos.
Foi na banca que comecei a materializar minhas próprias criações, onde aprendi a manusear os materiais e a valorizar o trabalho artesanal e meticuloso do ofício. O tempo e dedicação necessários para a produção de uma joia de qualidade me conduziram à um olhar diferenciado sobre o processo de manufatura como um todo e foi aí que percebi a importância e valor desses profissionais artesãos.
Como é o processo de criação das suas peças?
Tudo começa através de um olhar sensível e da vontade de criar peças atemporais, desenhadas para a longevidade. As inspirações podem vir da arquitetura contemporânea, de uma viagem cultural ao redor do mundo ou até mesmo do próprio material que pretendo manipular. Quero criar joias para além do valor econômico e explorar a potência comunicativa da joalheria contemporânea criando peças que permitam ao usuário expressar sua individualidade.
Você fala muito da energia de cada pedra. O que essas ela representam para você e para o seu trabalho?
É incrível pensar que a pedra é uma formação cristalina única que não pode ser duplicada, assim como as pessoas. Quando uso uma pedra bruta em minhas joias quero valorizar essa individualidade e promover o magnetismo que a pedra pode exercer sobre uma pessoa. No meio de um mundo de objetos massificados eu acredito na importância de um produto que desperte esse tipo de sensação e na beleza da imperfeição.
Quando pensamos nessa arte imaginamos que você precisa de uma grande área para trabalhar. Mas você cria e executa quase toda a peça em seu próprio atelier. Como é para você?
O bacana da ourivesaria é que você não precisa de uma area muito grande para trabalhar, durante o curso mesmo fui adquirindo alguns aparelhos e ferramentas e montando o meu próprio atelier. As técnicas variam bastante e as ferramentas utilizadas para a confecção das peças também.
Sempre tem algo novo a se aprender e encontro-me em uma permanentemente busca pelo aprimoramento do fazer. Dentre os processos que mais gosto no ofício está o soldar, adoro ver o metal se moldar e unir ao outro, formando um novo todo, tem um quê de magia que me encanta!
Curtiu? Aqui você fica por dentro de tudo o que a Marcella está criando! 😉
