Junte a beleza das construções espanholas, a exuberante cultura indígena, acrescente uma pitada de charme latino e chegará a Sucre. Injustamente esquecida nos roteiros turísticos, a capital constitucional da Bolívia surpreende a qualquer visitante, principalmente aqueles que elegeram a cidade como ponto de passagem, como foi o meu caso, por exemplo.
Sucre, a princípio, era só um ponto que tornava mais viável a chegada a Uyuni, onde visitaria o tão famoso Salar de Uyuni. O aeroporto pequeno e sem estrutura, que parecia uma rodoviária, me fez acreditar que eu iria querer que o meu tempo por lá passasse bem rápido, mas já no táxi, a caminho da cidade, mudei de ideia.
Era Carnaval! Nessa época Sucre fica super agitada e acontecem as tradicionais guerras de água. Dentro e fora dos circuitos das bandas tradicionais que desfilam pela cidade na época, tinha gente correndo com pistola e balões (aqueles de festa) cheios de água em punho, prontos para encharcarem alguém. E o pior é que eles jogam os balões com vontade e o negócio dói, mas vale tudo pela bagunça! Andar distraído nem pensar!
É preciso ficar atento ao que pode vir de cima! Das varandas dos sobradinhos pode surgir, de repente, uma cachoeira. Os moradores adoram jogar baldes – sim, eu disse baldes – de água naqueles que inocentemente caminham pelas calçadas. As caminhonetes também são perigosas nessa época. Muitas delas escondem piscinas nas caçambas, de onde podem surgir ataques bem molhados. E nem tente correr! A 2.800 metros de altitude é bom guardar o fôlego e a disposição para curtir a cidade.
Chamada carinhosamente de Cidade Branca, devido à cor dos casarões coloniais, Sucre foi fundada pelos espanhóis no século 16 e guarda verdadeiras preciosidades históricas, além de vistas sensacionais!
Do Mirador de la Recoleta, por exemplo, é possível ter uma visão bem ampla dos prédios brancos e do centro histórico, incluído no Patrimônio Mundial da UNESCO para sua preservação.
Visto de perto o centro é ainda mais encantador. Os casarões antigos (mas muito bem conservados), abrigam em seu interior pátios imensos, fontes e cômodos com pé-direito super altos. Para fechar redondo, sem dever nada para os melhores filmes de época, as ruas de pedra e as simpáticas igrejas completam com perfeição a missão de levar o visitante a uma viagem no tempo.
Entre as construções mais clássicas estão o Castillo de la Glorieta, a Catedral Metropolitana e o Convento de San Felipe de Neri.
O Castillo de la Glorieta fica um pouco afastado do centro histórico, mas tem ônibus direto saindo a todo instante e vale a pena a visita. Ele representa a alma mais aristocrática da cidade, guarda uma série de móveis e objetos antigos e tem um lindo jardim.
Um dos grandes símbolos e cartões-postais da cidade é a Catedral Metropolitana. Devido ao longo tempo que ficou em construção, o prédio une diversos estilos arquitetônicos e ficou pronto em 1633, depois de 82 anos do início das obras.
Do Convento de San Felipe de Neri é possível ter uma vista privilegiada da Catedral Metropolitana e otras cositas más! O antigo mosteiro, que virou uma escola paroquial, foi o meu favorito. Além do pátio grande, cheio de colunas, o edifício ainda ostenta um terraço com essa vista maravilhosa. Como não amar?
Entre os incontáveis pontos de interesse também estão o Museu Indígena, a Praça 25 de Maio, o Parque Simon Bolívar e até uma pequena Torre Eiffel e um Parque Cretáceo! Dá para passar uma semana, um mês ou uma vida explorando Sucre!
O fato é que, independente de quanto tempo tiver, levará para sempre a Cidade Branca no coração.