Quando o designer André de Castro ainda morava em Nova Iorque, as saudades da família eram amenizadas nas “domingadas”, ou seja, encontros via internet, que reuniam ele e sua namorada Amanda Britto (do blog Starving), diretamente do Brooklyn, e sua mãe Hebe e irmãs Isabel e Laura, do Rio.
Com cerveja e papo bom, os Castro criaram sua mesinha de boteco virtual. Desde abril passado, esses papos alegres têm sido ao vivo.
De volta ao Rio, André estreia sua exposição “Movimentos” na Caixa Cultural do Rio, Galeria 2. A mostra já passou pelo CCBB de Belo Horizonte e Brasília, atraindo cerca de 30 mil visitantes (uau!). Nós fomos até o ateliê que ele divide com a amiga Deborah Libat, na antiga fábrica da Bhering, pra conhecer a sua história e comemorar os bons ventos!
Tudo começou em 2009, quando o André transformou em livro seu trabalho final de graduação. Em “Funk – que batida é essa”, ele participou do projeto editorial, gráfico e das ilustrações.
O resultado foi um diálogo de experimentação criativa entre o design, a cultura carioca e a arte. Ao caminhar pelo livro, você sente o ritmo e o movimento da música.
Em 2011, ele se mudou para NY para fazer mestrado em Fine Arts, na Pratt Institute, onde ganhou uma bolsa de estudos! Tudo pronto pra começar a nova vida no exterior com Amanda e o buldogue francês Dumbo.
No projeto final, se aproximou da serigrafia, linguagem adotada até hoje. Seus primeiros trabalhos sobrepuseram imagens de ícones globais como Marilyn, Obama e Che (Série Silk Montage). O resultado é belíssimo!
A convite da Pratt, se inscreveu no prêmio “Never Stop Never Settle”, promovido pela Hennessy US, e ganhou com o projeto “Movimentos”. Logo depois, André teve uma passagem por uma galeria no Chelsea, onde aconteceu sua primeira exposição individual.
“Movimentos” é um painel formado por telas em silkscreen que contam a história de jovens que participaram das manifestações democráticas no Brasil e Turquia em 2013, EUA (Occupy, 2011) e Grécia (2010). Um repositório de paixões e pensamentos coletivos.
O mais interessante é que o contato com os manifestantes foi feito pelas mídias sociais, e todos foram bem receptivos! Cada um enviou uma foto de rosto e respondeu sobre si e também sobre o movimento político de seu país.
“Utilizo múltiplas telas em um processo de colagem para mostrar as singularidades de ideias e referencias de cada retratado”, diz André. O melhor? Todos compartilharam suas “biografias” em seus perfis sociais. A constatação? Hoje somos nossas próprias ideias. Ícones globais tornaram-se locais e próximos.
Além disso, a exposição apresenta outras coleções e um grande painel onde o André expõe suas angustias em relação ao atual momento político brasileiro. O nome é uma excelente metáfora: “Gigante”. A obra será pintada diretamente na parede para ser apagada progressivamente pelos visitantes da exposição.
Ficamos impressionadas com tudo que vimos e felizes por conhecer seu trabalho.
A reflexão de nosso amigo é contínua, mutante, polifônica, em constante expansão! Ele é a sua própria ideia e a gente se encantou pelos dois.
Confirme sua presença na exposição, não dá para perder!
E se você curte serigrafia, aproveite as oficinas que rolarão durante o Art Rio, no Studio512. 😉