la belle verte

por Cantão

Não sei como, mas eu nunca tinha ouvido falar do filme francês La Belle Verte (1996). Talvez pela tradução nada atraente — “Turista Espacial” — ou até mesmo pelas teorias conspiratórias que o cercam, a obra me passou despercebida.

Até que ouvi sobre ele por três vezes seguidas. Certamente era um sinal para assisti-lo. O roteiro é simples — você ou eu poderíamos ter feito. Mas tem uma genialidade tão latente que deixa qualquer um com sorrisos de orelha a orelha, do início ao fim:

Com toda a ironia de Coline Serreu (diretora e protagonista), a história gira em torno de um planeta muito evoluído, em algum lugar do Universo, em que os habitantes vivem em plena harmonia. Um lugar que ninguém e todos governam.

De tempos em tempos, alguns partem para outros planetas. Curiosamente, há 200 anos ninguém mais quer ir ao planeta Terra! Por pesquisa e solidariedade, decidem enviar um de seus habitantes para cá. E é aí que a trama se desenrola. Contando assim parece um daqueles filmes terrivelmente bobos de alguém perdido em Nova Iorque. Mas é tão inteligente que te deixa faíscas por dias seguidos.

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O longa, que é imperdível, consegue tratar os assuntos mais sórdidos do nosso mundo atual com leveza, humor e muita perspicácia. Criticar o sistema em que nós nos chafurdamos não é novidade, mas fazê-lo de forma tão divertida — e ao mesmo tempo filosófica, antropológica e sociológica — é para poucos. Para refletir bastante sobre o estilo de vida que levamos hoje.

Essa história e crítica toda me deu esperança. Me fez entender que não estamos perdidos, só atrasados. Mas caminhamos para a evolução e liberdade. Liberdade não só do material, mas, principalmente, do impalpável, da vaidade, do ego.

Uma viagem ao espaço, uma viagem ao futuro, uma viagem a nós mesmos.