feminina [por ana bringhenti]

por Cantão

Tenho pensado muito nessa coisa de ser mulher. Que energia é essa que vem de dentro da gente e transforma? Que sabe o valor da maturidade, faz prece ao tempo e quando vê, está lá, senhora, reinando bem quietinha. Porque tem isso né? Não pode ficar assim muito falativa senão desfaz o feitiço…

Nunca me esqueço de uma passagem do filme “Casamento Grego” no qual a mãe da noiva diz assim: “o homem é a cabeça e a mulher o pescoço (…)”. E não é verdade? A gente vive a vida bonita, com maquiagem ou sem, corre-corre quase sempre, abraça todas as causas, avoa a saia para quem vê, pensa nas compras, na casa. Projeta, sonha, cuida… E ainda dá conta de alumiar a vida do boy? Benza Deus, mulheres!

Tenho apreciado esse silêncio da conquista, olhado com mais reparo para um movimento global das mulheres chegando a destinos exclusivamente masculinos. Não que isso seja novidade, mas às vezes a gente nem nota. Já percebeu? A nossa graça é tão sutil que parece que a gente esquece, deixa para olhar amanhã e o espelho de casa só tem vez quando é para perceber as olheiras.

A gente cuida tanto dos outros, que até esquece a vaidade no varal. Não que seja essa vaidade de quem leva corretivo na bolsa, é uma vaidade mais profunda. É algo de viajar para dentro e confirmar sua inteireza, confirmar que você ali, consigo, para todo o seu ser.

A transformação feminina me parece uma coisa de mudar com afeto, sempre começar um enredo, despertar combustível para mais vivência. Para mim, é bem isso, pequenos grãozinhos que vão sendo espalhados por aí, que mesmo despretensiosos tem a sua grandeza, um dia serão flor. Sábias são as mulheres que sabem viver e assim, fazem o outro ajustar sua escuta.

O tempo tem sido meu amigo, tem ensinado sobre a paz mental, me preenchido com experiências. E assim a cabeça parece estar ganhando mais leveza, e eu mergulho cada vez mais nessa história de amor pelo feminino. Amor pelas mulheres à minha volta, mais compaixão por mim mesma – e uma imensa gratidão por você que embarcou comigo até aqui, agora.

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