Oi moço, tudo bem?
Talvez a gente já se conheça, e um belo dia eu acorde com você na boca do estômago, um sorriso inteiro no rosto, vontade de almoçar sorvete e conversar com a lua.
Talvez a gente nunca tenha se visto, e na hora que nossas cicatrizes se cruzarem pode acontecer uma explosão atômica lá no último remendo desse meu coração maltrapilho, e ele decidir voltar às trincheiras “pela última vez”.
Talvez um amigo em comum nos apresente e quando você me olhar descabelada e mergulhada numa profusão de estampas queira sair correndo, mas quando ouvir meu sotaque carioca ou reparar na minha coxa grossa, decida ficar pra saideira e me levar em casa.
Sendo algum assim, eu adormeço meu oceano de saudades incompreendidas, guardo no fundo do baú esses medos que a gente finge que nem liga, visto meu melhor sorriso, confiro oito vezes o texto da mensagem enquanto espero passar o lampejo de coragem estabanada, e te convido pro cinema. Pra andar de skate. Pra experimentar o cheeseburguer novo do bairro. Pra dar um rolé naquela exposição. Pra uma festa incrível que eu descolei dois convites depois de uma peregrinação heróica que você nunca vai saber.
E a partir daí eu vou precisar de uma forcinha sua, meu bom rapaz. Porque eu sou de Virgem com ascendente em Peixes, então acontece bem de vez em sempre de pisar no freio ao invés de acelerar, de sorrir quando eu quero chorar, de dizer bom dia quando queria dizer me abraça, de ir embora querendo ficar. E toda essa solidez da terra que desmancha na água. É nessa hora que você me abraça e diz que tá tudo bem. Combinado?
Sabe moço, eu tô cansada de andar pro lado errado nessa vida sem coragem de ser quem a gente é no sim e no não. O que eu queria mesmo, era alguém pra fazer cafuné, montar playlists descombinadas, comer brigadeiro no café da manhã de domingo, me emprestar um moletom cinza de vez em quando e dançar comigo no meio da chuva. Pelo tempo que o tempo for amor.
Se esse sopro de primavera bater na sua porta, abre pra mim.
Eu levo girassol, arco-íris e cheiro de mar.