Conheci Leos Carax, em pleno Festival do Rio de 2012 – tinha ido conferir seu então novo filme, Holy Motors, lançado depois de um longo hiato fora de circuito.
Da geração brilhante de cineastas Luc Besson (de “O Quinto Elemento” e “O Profissional”) e Michel Gondry (“Brilho Eterno de uma Mente Sem Lembranças”), Leos Carax segue a saga do questionamento, tradicional no cinema francês. Leos provoca um estranhamento por imprimir em temas recorrentes, um tom próprio, um olhar totalmente pessoal, de sua realidade interna e pouco comum.
Não é a toa que esses aspectos nos trazem a memória expressiva da nouvelle vague na história do cinema francês. Leos Carax, ex-crítico do Cahier du Cinema, é altamente inspirado por Godard, um dos grandes mestres do cinema, na sua maneira de explorar a linguagem do cinema.
Para quem se interessou por sua filmografia, Carax (ou Alexandre Oscar Dupont) ganhou aos 24 anos o Prêmio da juventude em Cannes por seu filme de estreia “Boy meets Girl” (“Rapaz encontra Garota”) em 1984. O filme o catapultou ao status de revelação do cinema francês, e também marca o primeiro contato do diretor com o ator Denis Lavant, que viria então a se tornar seu “muso inspirador”.
Em “Encontros e Despedidas”, Alex (Denis Lavant) é um jovem aspirante a cineasta – coincidência? – que acaba de ser deixado pela namorada. O protagonista dos primeiros três filmes, “Alex” – papel desempenhado sempre pelo ator Denis Lavant – sugere um tom autobiográfico, ou pelo menos projetivo, aos seus filmes. Este é o primeiro da sua trilogia sobre relacionamentos amorosos, seguido de “Mauvais Sang” (“Sangue Ruim”, 1986) e “Les Amants du Pont-Neuf” (“Os amantes de Pont-Neuf”, 1991).
Pouco se sabe da personalidade de Carax, mas a sensação que fica é que através de seus filmes podemos imaginar a relação entre sua mente e seu coração, muitas vezes sombria quanto humorística. Seus filmes atribuem a ele – ou ele atribui a seus filmes – um romantismo megalomaníaco próprio.
Ele cria cenas e sensações fortes, bonitas e poéticas. A primeira cena de “Sangue Ruim” (1986), por exemplo, é o bastante para entender a essência dos dois personagens centrais da história. Somado a isso, seu ponto de vista de tirar o fôlego tem finalidade de impressionar e resignificar, e algumas vezes incomodar.
Cenários, figurino e o elenco escolhidos a dedo mostram a qualidade completa do diretor. Atrizes que vão de Juliette Binoche, Mireille Perrier à Eva Mendes e Kylie Minogue se misturam na tela de sua filmografia que não comporta mais do que 6 filmes.
Um diretor verdadeiramente explosivo, da imagem, do miúdo com potência ao maior. Seu trabalho é uma lufada de ar fresco no panorama de qualquer cinéfilo.
Vale conhecer sua filmografia e se impressionar. 😉