Há qualquer coisa de inspirador num ano que se inicia, feito tela em branco pronta para acolher ideias, e os dias de janeiro estimulam nossa disposição para colocar em prática resoluções há tempos adiadas. Das pequeninas às grandiosas, toda meta parece mais propensa à realização nesse momento de recomeço coletivo: beber tantos litros de água, aprender um idioma, viajar para lugares desconhecidos, exercitar o corpo e, quem sabe, fazer da leitura um hábito. E como todo hábito parte do zero, venho hoje com alguns primeiros passos para quem pretende aproveitar o clima renovador da virada do calendário para se aproximar da literatura.
1. Buscar temas que interessam
O exercício de ler começa antes mesmo de abrirmos os livros, pela escolha da obra a que vamos dedicar nosso tempo e atenção. Esse é um ponto crucial, já que as primeiras páginas são suficientes tanto para nos instigar a continuar vivendo aquela aventura literária, quanto para minar por completo nosso interesse pela narrativa. Daí a importância de se deixar guiar pelos assuntos que fazem o coração palpitar na hora de selecionar um exemplar. Temáticas que conversam com algumas de nossas agitações internas têm grandes chances de servir como combustível para que a leitura seja praticamente irresistível.
2. Explorar diferentes tipos de texto
O modo com que se conta uma história é tão importante quanto a própria história – eis uma máxima que corre solta pelos meios literários e que faz todo sentido. Existem diversas formas de narrar e quem lê pode gostar mais de uma ou de outra. Romances, contos, poemas, crônicas, cartas, ensaios… cada uma dessas categorias oferece perspectivas distintas e experimentar suas possibilidades pode ser delicioso. Talvez um texto em versos não nos atraia tanto quanto um texto em prosa, e descobrir essas preferências é uma maneira bastante singular de conhecer um pouco mais de quem nós somos e dos nossos caminhos de comunicação com o outro.
3. Acompanhar perfis literários nas redes sociais
Por muito tempo o discurso sobre a literatura esteve reservado a determinados espaços e círculos sociais, mantendo os livros numa espécie de pedestal inalcançável que contribuía para afastar a leitura do cotidiano das pessoas. Isso vem mudando com a internet e as iniciativas virtuais que trazem o fazer literário para o nosso dia a dia. Com abordagens em geral mais descontraídas e conteúdo sobre as novidades do mercado, esses perfis nas redes são um lembrete diário de como a literatura pode ser divertida e acessível. Acompanhar é certamente um bom estímulo para se acercar dos livros.
4. Participar de clubes de leitura
Nem sempre a leitura precisa ser um ato solitário. Prova disso são os clubes de leitura, que reúnem dezenas de pessoas para conversar sobre determinado livro lido em conjunto. Presenciais ou virtuais, não faltam opções, com diferentes curadorias para agradar todo tipo de gente. Há aqueles que só leem mulheres, outros que só discutem literatura brasileira contemporânea, e ainda os que se dedicam à produção literária de determinada região do globo. As discussões costumam transcender as páginas e os encontros garantem experiências emocionantes a quem participa deles – uma forma pra lá de boa de criar laços que nos tornam mais próximas da literatura.
Essas são apenas algumas diretrizes em direção à estrada imensa e iluminada das experiências literárias. Uma página por vez e nós vamos construindo um universo interno inesgotável, cujas luzes refletem externamente no nosso meio de encarar o mundo e de lidar com as pessoas. O melhor de tudo é saber que, em qualquer dia, um livro aberto é sempre uma nova possibilidade de provar a vida.