Na Ilha do Ferro, esculpir madeira é ofício tradicional – quase em extinção – da construção de canoas de tolda. Os artesãos de hoje em dia são filhos e netos dos antigos carpinteiros navais do Rio São Francisco.
Com Aberaldo Sandes Costa Lima não é diferente. Conhecido por todos como Mestre Aberaldo, Lardo, para a família e amigos próximos. Filho de Costinha, um cordelista, sanfoneiro e fazer de barcos, foi com o pai que aprendeu a técnica que lhe traz tanto prestígio.
Ao lado da esposa Vana e dos filhos Fabrício e Mariana, Aberaldo vive em seu ateliê, que é também uma das raras pousadas da região. Sua casa, é seu local de criação também. O refúgio transpira arte e é cheio de fragmentos da sua história, memórias e se suas andanças pelo sertão.
Mestre Aberaldo é um homem gentil e meticuloso, daqueles que mais escutam, do que falam. Um homem sertanejo, com coração bom e olhar desconfiado. Entre um entalhe e outro, ele diz: “Quando você tem um grande artista na família como meu pai foi, ele acaba virando influência. Eu nasci seguindo um trabalho que ele fez muito, que era na roça, trabalhando como carpinteiro, fazendo curral (…) o que não deixa de ser trabalhar com madeira.”
Enquanto outros escultores seguiram os passos de seu Fernando, pioneiro na arte de esculpir madeira na Ilha, Aberaldo tem uma assinatura única. Pela arte de suas mãos, pedaços de madeira de mulungu se transformam em seres híbridos e estranhos, com ou sem braços, olhos puxados, cabelos escuros, queixos protuberantes e bocas carnudas. São pessoas-bichos, pessoas-galhos. A exceção dos pássaros, que são multicoloridos.
O trabalho de Mestre Aberaldo se destaca pela precisão minuciosa, pelas curvas e cores inspiradas pela Ilha do Ferro. Hoje ele é um dos protagonistas na arte de ressignificar a natureza encontrada na mata e no Rio São Francisco e foi um dos nossos parceiros na colab especial Cantão + Ilha do Ferro.
Todas as peças você encontra nas lojas e em nosso site.