Que a vida é um eterno ressignificar nós sabemos, mas foi aos 28 anos que a criadora de conteúdo e nutricionista Juliana Emerick teve a certeza de que tudo mudaria ao ser diagnosticada com câncer de mama.
A partir de então, mergulhou em um intenso processo de autoconhecimento, aceitação e naquele que seria o maior desafio da sua vida: “Além de ter sido bem jovem, eu e muitos de nós, achamos que o câncer está bem distante. Meu contato mais próximo, tinha sido com pacientes ao longo da minha formação na área da saúde”, conta Juliana.
Hoje, aos 32 anos, a criadora de conteúdo encontrou o seu propósito enquanto comunicadora e inspira mulheres com a sua trajetória de coragem nas redes sociais, palestras e eventos de maneira leve e descontraída. Ela divide seu olhar mais doce sobre seu corpo, sobre a alimentação e sobre a vida.
Conheça a história da Ju e inspire-se também.
Aos 28 anos você foi diagnosticada com câncer de mama. Como foi receber uma notícia como essa ainda tão jovem?
Em outubro de 2018 eu tive o diagnóstico de câncer de mama que foi um mega susto. Além de ter sido bem jovem, eu e muitos de nós, achamos que o câncer está bem distante. E de um dia pro outro eu me vi com uma doença muito grave, e mesmo que seja um preconceito a ser combatido, pensei que podia morrer pela primeira vez.
Quanto tempo durou o seu tratamento e qual foi o momento mais marcante?
Tive um diagnóstico tardio, então o câncer estava bem avançado e a mama esquerda estava comprometida. Por isso, fiz quimioterapia, minha primeira cirurgia e radioterapia, que duraram em torno de um ano.
Desde então faço o tratamento de hormonioterapia que durará uns 10 anos, e este ‘segura’ a possibilidade de um novo câncer pois ainda não sou considerada curada, mas em remissão (controle, sem doença ativa).
O momentos mais marcantes foram quando raspei o cabelo, o ano novo que passei na cama sem forças pra comemorar, as pequenas vitórias dos exames que vinham bons, o apoio das pessoas que me amam… mas sem dúvida o maior e mais doloroso, foi a primeira cirurgia, a mastectomia ou retirada total da mama.
Lembro como se fosse hoje, quando passei em frente ao espelho e só tinha volume em um lado do sutiã. Doeu na alma, sei lá… o câncer tinha tirado, literalmente, um pedaço de mim.
A gente sabe que a autoestima é muito importante para as mulheres e nesse momento de fragilidade é mais difícil pensar nisso. Como foi pra você lidar com o tratamento e cuidar de si? O que você fazia para manter a autoestima elevada?
Eu fiquei careca, engordei 12 quilos, tirei a mama… eu não me reconhecia no espelho.Confesso que usei muitas estratégias externas, abusei dos lenços, tentava me vestir com o que cabia e maquiagem (fiz até curso profissional na área). Queria me sentir viva, bonita, interessante e esquecer por vezes a dor do tratamento.
Mas o processo de cuidar da minha autoestima não parou por ai, ficaria muito raso e volátil… precisei mergulhar pra dentro de mim, me conhecer, rever meus interesses, minhas prioridades e meus valores.
Me desconstruí, para me reconstruir. Entendi que meu valor não está atrelado a minha forma física, ao meu cabelo, a minha mama… o valor de nenhuma de nós, pois somos complexas, cheias de virtudes, interesses e a nossa casca diz muito pouco sobre quem somos de verdade.
O que você diria para uma mulher que está em tratamento neste momento?
TUDO PASSA! A vida é uma grande montanha russa, ela não para. O dia vem logo depois da noite, e uma calmaria virá depois da turbulência. Se permita sofrer, porque a dor dói e às vezes precisa de tempo!
Depois de um período não se pergunte mais ‘porque isso está acontecendo comigo?’, mas ‘pra que?’ Garanto que terá lindas conclusões. Convido você que está em tratamento, ou não, todos nós… a olharmos as coisas de uma forma diferente e olhar a vida de uma forma mais doce.
Qual é o seu protocolo de cuidado e prevenção atualmente?
Como falei anteriormente, estou em hormonioterapia (lembrando que cada tipo de câncer de mama tem um protocolo de tratamento diferente), onde faço uma aplicação de medicamento a cada 28 dias na clínica e uso outro comprimido todos os dias em casa.
No próximo mês devo me submeter a última fase da reconstrução da mama, que irá melhorar muito minha qualidade de vida.
Sempre falo que deveríamos, fazer o que nos faz bem para viver mais e melhor, não só para prevenir doenças. No caso do câncer de mama o diagnóstico precoce aumenta as chances de cura para mais de 90% e o tratamento tende a ser menos invasivo.
No mês de outubro as atenções estão voltadas ao Outubro Rosa, movimento de prevenção do diagnóstico do câncer de mama, mas pra gente é importante o ano todo! Realizar o autoexame é essencial para detectar alterações e se proteger. Fizemos um post especial sobre o assunto no nosso Pequeno Guia de Bem-Estar no Instagram. Detectar o câncer de mama em fase inicial é fundamental para combatê-lo.
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