Quanto mais a tecnologia nos cerca, mais precisamos sair em busca do que é autêntico. Há tempos somos apaixonados pelo trabalho artesanal. Gostamos de dizer: feito à mão é feito com o coração.
Trabalhar com a cerâmica é lidar o tempo todo com o imprevisível. Por mais experiência que se tenha, a cerâmica pode rachar, o esmalte pode sair errado. E são muitas etapas para chegar no resultado final: do primeiro molde à finalização, há muita mão na massa.
Foi dessa poesia e do toque autoral que toda cerâmica carrega em si que a carioca Carolina Maiolino deixou a arquitetura de lado e começou sua carreira como ceramista.
Ela conta um pouco mais sobre essa trajetória e convida você a entrar em seu ateliê e se apaixonar por esse ofício tão antigo quanto apaixonante:
Como a cerâmica entrou na sua vida? Você teve algum motivo especial para iniciar? E como isso se tornou uma carreira?
Comecei a fazer cerâmica com 7 anos de idade. Na época, claro, não tinha nenhum interesse em que se tornasse nada além de uma diversão na minha semana. Fiz aula por 14 anos com a mesma professora e acabamos criando uma relação muito forte. Aquele era meu momento de prazer principal da semana.
Quando eu tinha 21 anos, em 2010, a Renata que era minha professora, infelizmente faleceu. E eu me vi, junto com uma amiga que fazia aulas comigo, sem chão. Foi aí que nós duas, sem aceitar a ideia de procurar por outra professora, montamos um mini atelier na casa da minha amiga e eu percebi com mais clareza da importância da cerâmica na minha vida.
Em 2013, me formei em arquitetura e fui morar na Itália. Lá, mesmo trabalhando como arquiteta, fiz alguns cursos e comecei a vender as primeiras peças para ajudar a pagar o curso que fazia. Em 2016 voltei ao Brasil, já com a certeza que queria focar na cerâmica como profissão. Trabalhei em alguns ateliers, dando aula neles e vendendo as peças que fazia, até que em maio de 2019 abri o atelier cerami.k.
Dar aula e a troca com os alunos é uma delícia. Além da troca afetiva, eles trazem novas ideias de peças e não tem essa preocupação que a produção em grande escala traz. Me faz sentir esse prazer da criação mais livre junto com eles! Minha referência principal sempre será a Renata Silveira, minha professora, Até hoje dou aula lembrando e me espelhando na forma como ela fazia.
Conta um pouco sobre outras das suas referências femininas.
Tenho muitas outras referências femininas no meu percurso, mas a principal é a Gabi Neves, do Studio Neves. O Studio Neves é referência, hoje em dia internacional (ela se mudou para Portugal e faz seu trabalho lá nesse momento) e a Gabi tem um cuidado muito grande tanto com a criação das peças quanto para fazer a união importantíssima e fundamental, dos ceramistas no Brasil.
Escrever no barro não é muito facil. Quando eu era criança tinha uma dificuldade enorme de fazer o “C” de Carolina e ficava frustrada. Já nas primeiras peças que fiz, comecei entao a fazer um “K”, que era muito mais fácil (risos). Quando pensei em criar uma identidade, pensei em como usar esse K, que sempre foi minha marca registrada. Assim surgiu o nome Cerami.k!
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