Suann Medeiros: Meu chão, meu nordeste

por Cantão

Sou pernambucana, filha de um baiano-alagoano com uma pernambucana-índigena. Nasci no Recife, mas foi no acampamento Itaparica, hoje distrito do município de Jatobá, localizado no sertão pernambucano, entre Bahia, Alagoas e Sergipe que me fiz gente. Quase um Rio São Francisco, né? Por isso que brinco muito dizendo que meu nome deveria se chamar Francisca!

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Passei 15 anos da minha vida por lá brincando com os pés descalços na rua, comendo “quebra-queixo” aos domingos após o almoço em família, subindo nos pés de mangueiras, indo à feira livre tomar café e comer tapioca aos domingos com meu pai, conversar com a vizinha enquanto ela fazia rede de dormir nas suas tecelagens – lembro muito bem disso e achava uma coisa fora do comum. Sempre fui muito de conversar com as pessoas. Acho que isso influenciou bastante na hora de fazer o tal vestibular, mesmo com ideia de fazer medicina para ser geriatra.

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O tempo passou e criei asas. Vim morar em Recife e por aqui fiquei. Só que sempre com um pé no sertão. Viajar para conhecer as cidadezinhas do interior nordestino, adorava e adoro muito. Conhecer gente, os saberes populares e os mestres alimentam minha alma. Acho que não foi à toa que escolhi fazer faculdade de jornalismo e fotografia. Ambos se completam tanto profissionalmente como na minha vida. Devido a esse fascínio de explorar os lugares – acho que herdei muito isso da minha avó materna que era comerciante – acabei criando vários projetos fotográficos para tentar mostrar às pessoas o Brasil que vejo, ouço e sinto. Um deles é o #obrasilpormim. Muitos amigos me chamam para explorar mais as outras regiões do Brasil, desejo muito. Porém, antes de fazer isso, quero conhecer bem meu chão, meu nordeste, meu sertão – que é de onde venho e onde irei terminar minha vida: morando numa casinha na beira do rio São Francisco, meu Velho Chico, meu amigo.

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#OBRASILPORMIM

Poder retratar os lugares que visito é algo mágico. Sempre gostei de pegar a bicicleta e explorar as áreas rurais que tem ao redor de Jatobá. Me sentia livre e a bicicleta te dá esse poder, se você parar para pensar. Só que nunca tive câmera. Minha relação com essa arte começou em 2013. Até então, as imagens e histórias ouvidas e vistas eram guardadas no meu coração. Com a presença do artefato fotográfico, pude congelar esses fragmentos e compartilhar nas minhas redes sociais. E com o passar do tempo, fui vendo que essas imagens falam muito sobre minha pessoa. Sobre quem sou. Por isso criei #obrasilpormim. Esse projeto é como se fosse um autorretrato.

É Suann em cada pedacinho que visita.