Mari Romano é artista plástica, cantora, compositora e instrumentista. Nome em ascensão na cena carioca com performances feministas do supergrupo Xanaxou, ela faz sua estreia solo com este álbum lindo, lançado pelo selo RISCO (o mesmo que lançou os discos da banda O Terno e o extraordinário trabalho solo de Tim Bernardes).
Enquanto alguns acordes de suas 10 faixas remetem à nostalgia do passado, outros são mais solares e abraçam o que vem adiante. Para compor essa mescla sonora, a cantora convidou músicos referência na cena independente carioca: Marcelo Callado (Banda Cê, Do Amor), na bateria; Gustavo Benjão (Marcelo Camelo, Lucas Santtana, Do Amor) no baixo; Pedro Carneiro (Boreal) na guitarra, Thomas Jágoda nos teclados (Exército de Bebês) e a própria Mari assumindo guitarra, voz e a direção musical do álbum.
Embora esteja embarcando em sua estreia como performer solo, Mari Romano compõe desde muito jovem. As primeiras incursões na música vieram na bateria, aos 11 anos, que logo depois foi substituída por violão e guitarra. Neste momento de descobertas, gravar músicas no computador se transformou em um exercício criativo, da composição à construção de camadas vocais até o uso de mesas de madeira no lugar da bateria e a guitarra fazendo vezes de baixo. Após experimentar com outras mídias, entre elas artes plásticas, Mari acabou por retornar de vez à música anos depois. Foi em uma viagem sabática por Bolívia, Peru e Equador que a vontade de viver de música aflorou.
“No ano novo de 2011 para 2012, roubaram minha carteira na praça de Cuzco, no Peru. Tive, pela primeira vez, que tocar como trabalho, porque era minha única forma de poder tirar algum dinheiro. Isso e fazer brigadeiros, mas realmente o que chegou a pagar a minha passagem, comida e hospedagem foi a música, junto com amigos queridos que conheci na viagem. Isso me deu uma confiança muito grande de que o que eu fazia tinha valor e era legal”, recorda.
Sete meses depois, Mari Romano trocou o Brasil pela Argentina, onde cursou licenciatura em música por três anos, em Córdoba. Em 2015, retornou ao Rio de Janeiro para ficar mais próxima da família. No entanto, essa despedida de uma vida construída em solos argentinos foi o pontapé inicial para algumas das canções do álbum. “O disco fala muito sobre esse processo e o término de uma relação, junto a essa mudança total de cenário, língua, descobrir quem são seus amigos, reflexões sobre o tempo”, explica a artista.
Aperta o play neste vídeo ainda inédito, um verdadeiro presente: