Conheci a Bel de um jeito bem carioca: esbarrando com ela pelos shows da cidade. Depois soube que ela cantava e tinha uma banda. Continuei acompanhando o trabalho da moça de longe e agora ela lança seu disco de estreia com um nome super singelo, “Quando Brinca“.
Minimalista, o álbum testa os limites da canção popular, unindo tons eletrônicos, da MPB e de jazz para refletir o feminino e o mundo que cerca a mulher contemporânea. O disco foi produzido por ela e pelo Gui Marques e ainda conta com participações especiais de Laura Lavieri, Larissa Conforto, Mari Romano, Rafaela Prestes e Qinho.
Cantora, compositora, escritora, produtora cultural e artista visual, Bel Baroni sempre teve um trabalho artístico rico em gêneros, estilos e categorias. No lançamento de seu projeto autoral, ela se mostra em sua faceta mais aberta e madura. O registro veio da vontade de se expressar individualmente ao mesmo tempo que dava vida a composições que não entravam no repertório da banda Mohandas, que a cantora e compositora integrava anteriormente. Foi uma mudança de foco.
“Fui gravando umas guias despretensiosamente e aí, quando as levei pro Gui Marques, começou a pira”, explica a artista. “Esse disco nasceu também pelas mãos dele, juntos fizemos os arranjos, fomos acrescentando elementos, vendo a coisa tomar forma e desenvolvendo o universo desse álbum no processo, no fazer. Esse caminho foi longo, mas também muito prazeroso e estimulante. O processo das coisas me encanta muito”, reflete.
Estudante de música desde a infância, logo passou a integrar grupos percussivos. Uma mudança para Madrid, para estudar cinema, culminou na publicação independente “Quando Brinca”, uma coleção de poemas manuscritos divulgados digitalmente. Em 2011 viu nascer a Mohandas, onde atuou até 2015 como cantora, compositora, percussionista e produtora.
Com tantos desdobramentos, a carreira em múltiplas frentes se reflete na criação deste trabalho solo e autoral. O livro de poemas, por exemplo, compartilha seu título com o álbum que chega agora aos serviços de streaming. Foi de lá que veio boa parte das letras e ideias para o disco, o que faz da publicação o brainstorm que deu o pontapé inicial a esse novo momento criativo, abordando de sexualidade até questões sociais e políticas.
“Vejo uma coisa se desdobrando da outra. E em ambos, me senti saltando, me jogando, me atirando numa aventura. Eu tendo a levar tudo muito a sério, e essa sensação de brincar é o que me salva, me renova”, finaliza a cantora.