para amadorAs

por Cantão

O feminino é um assunto que nos permeia e nos transborda, cada dia mais. O assunto também é motivo de uma inquietude sem fim para Fabi Pereira, colaboradora aqui do Blog Viver Bem! Ainda bem! Desse simples incômodo de ver que algumas palavras no gênero feminino ganham significados diferentes e causam controvérsias, nasceu “amadorA” (Editora Galateia) seu novo livro. A edição ganhou ilustrações de Roberta Ferro, na capa e no miolo, e tá imperdível!

Quer saber tudo sobre esse lançamento? A gente bateu um papo com a apresentadora do Faro MPB pra descobrir como essa novidade surgiu. Confere só:

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Nesse novo trabalho sua temática não é a música, e sim o feminino por meio de crônicas. Como isso aconteceu?

O feminismo me tomou de assalto no momento que entendi que sororidade e empoderamento não são só palavras esquisitas: são um outro jeito de estar no mundo. A força feminina é das coisas mais potentes que eu vivo. Por isso, neste momento simbólico da luta feminista em todo país, em que várias hashtags cobram, diariamente, uma maior participação das mulheres na sociedade, e essa cobrança também cresce nas ruas, quis – na verdade mais do que querer, eu precisei – falar sobre este tema para, de alguma forma, dar as mãos a outras milhares de mulheres.

Como surgiu o título?

Experimente buscar no Google o significado da palavra “amadora”. Nas primeiras dez páginas de buscas, todos as definições passam longe da beleza do feminino de amador. A palavra ganha conotação sexual dentro de uma categoria mezzo orgia, mezzo depravação total, que jamais é cogitada quando o termo buscado é do gênero masculino.

A palavra “amadora” vai além do feminino de amador, é o adjetivo usado para indicar alguém que gosta muito de alguma coisa. Pode ser utilizado também para definir àquele que não é profissional em determinado ofício. E é aí que eu me encaixo: sou uma amadora da escrita. Não sou escritora profissional. Algumas palavras me chamam a atenção pelo significado, outras pela fonética, outras ainda pelas suas variações regionais (sotaques) ou de gênero. E é exatamente nesta categoria que essa palavra me conquistou.

O livro foi dividido em 2 partes, afetO e afetA. Fala um pouquinho sobre essa escolha.

Em afetO estão todos os textos relacionados aos sentimentos que nascem e transbordam em mim: amor, amizade, maternidade, sexo, passagem do tempo, dedicação profissional. Já em afetA, estão todos os textos relacionados aos assuntos que me atravessam: política, feminismo, polarização, machismo, sororidade, futuro, presente, empatia.

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Você escreve desde pequena, todos os dias, e até hoje não parou. O que te motiva?

Preciso manter minha sanidade, e escrevendo consigo equilibrar minha balança mental que tende a compulsão. Escrevo pra não surtar, para transformar minhas fobias, para afetar o outro e ser afetada também. Resumindo, o que me motiva são os afetos.

Como foi a criação da obra? Lisboa te influenciou de alguma forma?

O livro foi escrito antes da minha ida pra Lisboa. O processo de produção levou um ano e meio e aconteceu durante a pós-graduação. Vou lançar outro livro com crônicas inspiradas nas minhas vivências além-mar, mas “amadorA” é 100% nacional!

Curtiu? Então aproveita que o lançamento será no dia 30 de agosto às 19h, na Livraria Blooks de Botafogo (aquela que fica dentro dos Cinemas Itaú na Praia de Botafogo).
A gente se vê lá! 😉