Conheci Tibério faz tempo. Na época, uma paixão em comum nos aproximou: Chico Buarque. Ele é vocalista da ótima banda Seu Chico cujo repertório contempla as canções do cantor e compositor carioca, um dos artistas mais importantes da música popular brasileira.
Anos depois, Tibério Azul veio morar no Rio e lançou um disco solo, Bandarra (2011). Sempre que ouço a voz ou leio as palavras de Tibério (sim, ele acaba de lançar um livro: “Líquido ou O homem que nasceu amanhã” é uma reunião de poemas divididos em três capítulos. Que livro!) me pergunto quanto de poesia pode caber num ser humano. Tibério transborda.
No início do ano, depois de um 2016 conturbado pro Brasil e pro mundo, este pernambucano nos presenteou com mais um disco. Ufa! Senti um alívio em saber que por mais que (muitos) tentassem acabar com ela, a poesia ainda estava salva. Líquido ou a vida pede mais abraço que razão (Joinha Records) dá continuidade à poesia musical inspirada nos elementos da natureza iniciada em Bandarra. O segundo álbum solo de Tibério foi produzido pelo expert Yuri Queiroga e traz referências à água e sua profundidade, leveza e mutabilidade.
Com participações de Zé Manoel (grande nome da nova geração de compositores), Vitor Araújo (parceiro de Tibério na banda Seu Chico), Clarice Falcão e Pedro Luis, o disco está disponível em todas as plataformas digitais. Ano passado, no Dia do Abraço, Tibério lançou a primeira faixa-single-título, A vida pede mais abraço que razão. O segundo single antecipado foi Chover, com a participação de Clarice. Os versos “e quando a chuva passar / a gente vai passear por aí / eu juntinho de tu / e tu juntinho de mim” ganham charme se levarmos em consideração que é cantado com aquele sotaque delícia de Pernambuco.
O disco do Tibério é daqueles que a gente ouve aos poucos, devagar, sem pular os finaizinhos, com toda a calma do mundo. Depois, ouve de novo. E de novo. Super recomendo.