Sou fã de carteirinha do Cantão. E não falo isso porque este espaço é promovido por eles mas porque sempre que os procurei com um projeto musical — e ao longo da nossa parceria já foram três vezes — eles apoiaram e promoveram como poucos parceiros os fizeram.
Seguindo esta filosofia de incentivo à música, tem novidade boa: o Festival Viver Bem que acontece no Circo Voador amanhã! O evento vai reunir a incrível big band Bixiga 70, que dividirá o palco com o também incrível BNegão, o conjunto Noites do Norte convidando a talentosíssima Júlia Vargas, o bloco das Mulheres Rodadas e a DJ Lili Prohmann. As atrações escolhidas para celebrar o lançamento especial da próxima coleção são sensacionais (desculpe a adjetivação mas não dá pra falar destes artistas imparcialmente)!
O Bixiga 70, um dos pontos altos do festival, rompeu a barreira do popular formato de banda brasileira com vocalista e chamou a atenção da crítica mundial e do público com músicas autorais cheias de orquestrações, sedimentadas em experiências no território de fusão da música instrumental africana, latina e do oriente, viagens psicodélicas, sons dos terreiros, dinâmicas jazzísticas e os ritmos brasileiros. E engana-se, quem pensa que seus dez integrantes seguem uma mesma frente musical.
Formada a partir de da união de vários músicos da cena paulistana, no bairro boêmio do Bixiga, mais precisamente na Rua Treze de Maio, 70, seus músicos buscam, a cada trabalho, estreitar os laços entre passado e futuro, através de uma linguagem cosmopolita e despretensiosa, dos diversos estilos que povoam o imaginário de cada um.
Conversei com Cuca Ferreira, um dos integrantes da banda paulistana, sobre a importância de marcas bem sucedidas no mercado apoiarem e incentivarem os artistas da nova safra:
De onde vem a inspiração da banda pra compor um som tão contemporâneo?
A principal inspiração vem de (sobre)viver numa cidade como São Paulo, que ao mesmo tempo que oferece uma cena cultural incrivelmente inquieta e pulsante, cobra um preço alto (por vezes, literalmente) e impõe agressivamente uma necessidade de se buscar brechas. O Bixiga 70 foi a maneira que nós 10 encontramos de expressar e celebrar esse conflito musicalmente.
Como conciliam as influências musicais de dez integrantes num som tão autoral?
Com o tempo, fomos desenvolvendo um processo criativo que é totalmente coletivo e horizontal. Quase tudo que criamos é feito pelos 10, juntos no estúdio. E todos os integrantes têm uma longa trajetória musical, trabalhando com vários artistas de estilos muito diferentes. Na hora de criar, a história musical de cada um aparece e vamos juntos escolhendo as ideias que vêm de todos. Não é fácil, demora mais, dá mais trabalho e de vez em quando alguém ouve a frase “essa ideia é ótima, guarda ela pro seu disco”, mas o resultado é sempre mais verdadeiro, porque foi criado por todos.
O que o público carioca pode esperar do show no Circo Voador em parceria com o Cantão?
Energia, celebração e catarse máxima! O Circo Voador é o templo maior para o som que fazemos. Tocar lá é sempre muito especial e marcante. A vibe é muito foda, e isso influencia a banda! Estamos muito felizes do Cantão ter nos chamado!
O que pensam sobre os atravessamentos artísticos?
Essa compartimentalização entre manifestações culturais faz cada vez menos sentido. Até porque ela não vem do público. Todo mundo faz tudo, gosta de tudo, então esses cruzamentos são naturalmente bem-vindos! Ninguém gosta só de música, só de moda, só de artes plásticas. Todas essas manifestações fazem parte da vida das pessoas, de forma cada vez mais misturada. Tudo faz parte de um grande movimento de inquietação geral, independente de se manifestar isso na música, na moda ou onde quer que seja. Pra ficar na música, os dois artistas que aparecem mais recentemente no blog do cantão são muito conectados com a gente. Alguns músicos do Bixiga gravaram no disco da Juliana Kehl, que foi produzido pelo Gustavo Ruiz, que é total da nossa turma. E a Liniker fez um show com a gente recentemente que foi foda. Estamos todos no mesmo barco!
Por fim, o que é Viver Bem para você?
Acho que de alguma maneira, viver bem é quebrar tabus musicais no caso do Bixiga 70. Lógico que mexer com raízes musicais de muito tempo atrás, requer respeito. Então esse respeito é bastante presente no nosso cotidiano e na relação com a música.
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Tem dúvidas de que vai ser inesquecível? Confirme sua presença no evento e garanta seu ingresso aqui! 😉
créditos das fotos: Nicole Heiniger e Leco de Souza