Sempre gostei de sebos. Até curto os virtuais, mas nada como estar entre estantes e estantes de livros antigos, que carregam além de suas próprias histórias, histórias de outras pessoas. E foi assim, perambulando em um sebo que achei o meu livro do coração, que está em todas as bibliografias de meus trabalhos, e que indico para todo mundo. “O Corpo tem suas razões” de Thérèse Bertherat é desses livros que te transforma, abrem o olhar e mudam sua cabeça depois da leitura leve e prazerosa.
Para dançarinos, atletas e amantes do movimentos e do corpo o livro faz o coração pulsar, mas para aqueles que não são dessa área, o livro também se faz muito necessário. Ele nada mais é do que uma leitura sobre a busca pelo autoconhecimento, a importância de ouvir o que nosso corpo tem a dizer e tomar consciência dele.
O livro é escrito pela fisioterapeuta Thérèse Bertherat, que criou o método da antiginástica, um método revolucionário e poderoso de enxergar o corpo e suas potências. Além das história sobre sua técnica, o livro é um relato bonito e sensível de como a autora começou a enxergar para além da anatomia e aparência dos corpos. Thérèse nos faz repensar sobre como nos vemos, nos sentimos e nos habitamos. Pra mim, acima de tudo é um livro sobre amor próprio.
“Neste instante, esteja você onde estiver, há uma casa com seu nome. Você é o único proprietário, mas faz tempo que perdeu as chaves. Por isso, fica de fora, só vendo a fachada. Não chega a morar nela. Essa casa, teto que abriga suas mais recônditas e reprimidas lembranças, é o seu corpo.”
“O Corpo tem suas razões” é de 1976, mas por ser um best-seller é encontrado facilmente em livrarias por aí. Mas, para mim, livros de sebo carregam seu charme próprio. A minha edição por exemplo é de 1987, e apesar de não vir com anotações e nem dedicatória foi um dos meus maiores achados durante minhas andanças pelos sebos da cidade, e se faz presente até hoje. De vez em quando recorro a ele para ler algo bonito para começar o dia, como: “Ser é nascer continuamente.”
Não é a toa que esse livro não sai nunca da minha cabeceira. 🙂