Já ouviu falar no estilo wabi-sabi? “Wabi” significa “coisas simples e frescas” e “sabi” significa “coisa cuja beleza foi adquirida com a idade”. O conceito dessa arte milenar do Japão é relativamente simples: apreciar a beleza na imperfeição, ou seja, valorizar a beleza singular do que não foi artificialmente construído. A expressão tem raízes no século XII e se popularizou muito através do Zen Budismo.
Inspirada por esse olhar desacelerado, a designer e publicitária paulistana Laura Sugimoto criou o Wabi-Sabi Ateliê, que traz criações incríveis feitas à mão, como os terrários, unindo a leveza do artesanal, do slow design e da natureza.
Ela trocou SP pelo Rio, trabalhou por anos em escritórios design, e não andava muito feliz com a rotina exaustiva na área. Foi durante um período de autoconhecimento, entre um freela e outro, que ela descobriu a filosofia oriental e se encontrou! Tudo pareceu fazer sentido, já que o avô dela é japonês e ela sempre admirou a cultura nipônica. “Sempre gostei de decoração e trabalhos manuais, então juntei tudo que me envolvia e me emocionava, e vi uma possibilidade de trabalho“.
Conversamos com ela para saber mais sobre seu trabalho tão delicado, confira:
Fala mais do seu ateliê. Como foi começar esse projeto de slow design?
Nossa rotina urbana é tão agitada e cansativa, que eu senti uma necessidade geral de desacelerar. Então acredito que devemos tentar mudar o ritmo da nossa vida pessoal e profissional. Durante todo o processo criativo, os elementos naturais e geométricos são trabalhados a mão. O resgate de técnicas tradicionais é sempre uma escolha consciente. Cada peça artesanal é tratada como única com o propósito de gerar significado e identidade. A ideia é deixar a vida menos plástica e menos massificada.
A noção de identidade também é abraçada quando o trabalho envolve raízes – das plantas. O contato com a natureza nos traz leveza e simplicidade. São refúgios para uma vida agitada. Ao escolher o modo slow design de produção respeita-se a natureza e o ritmo que a vida deveria ter. A produção é sempre atenta e minuciosa, o produtor é valorizado e essa atenção acaba sendo percebida no produto final.
Você também explora bastante o conceito de sustentabilidade nas suas criações. Conta mais sobre esse viés do seu trabalho.
Como a ideia de criar o ateliê nunca foi ser apenas uma loja, e sim transmitir um estilo de vida, desde o início fazia sentido trabalhar com a busca pelo respeito a natureza e ao social. Produzimos quase tudo no próprio ateliê. Também contamos com a produção de artesãos, projetos colaborativos, e fazemos garimpo de objetos. Procuro sempre saber a origem da matéria-prima e trabalhar com produtos feitos artesanalmente no Brasil. Assim pretendemos valorizar e desenvolver a produção artesanal local e o comércio justo.
Outro foco atual tem sido usar o material de forma mais simples e pura, para evitar excessos e intervenções no estado natural dos materiais. Uma folha sozinha já é linda, pra quê interferir na beleza natural, né?
Como essa filosofia de vida se aplica ao seu processo criativo e na escolha da sua matéria-prima?
A natureza é a maior fonte de inspiração. Nela encontramos uma simetria imperfeita que é bastante expressada nos objetos do ateliê. Os materiais são cuidadosamente escolhidos para manter a responsabilidade ambiental e o foco na naturalidade. Materiais reaproveitados, recicláveis e elementos brutos da natureza, quase todos de origem renovável e passíveis de reaproveitamento. Todo o conjunto de formas e materiais tem um objetivo estético e emocional.
Objetos simples e orgânicos, que evidenciam os processos naturais: irregulares e assimétricos, delicados e rústicos, mutáveis. Dentro do cotidiano podem fascinar, encantar e gerar valor meditativo. É como observar a serenidade de folhas caídas no chão e descobrir a beleza intrigante e singular de uma rachadura em um vaso de cerâmica. Materiais naturais sofrem mudanças com o tempo, e isso é vida. Sem falar que o trabalho manual transmite o afeto, a memória e a cultura do artesão para a pessoa que o adquire. E também para o ambiente em que será inserido.
O que tem te inspirado ultimamente?
O ateliê já tem 4 anos, e sempre busquei trabalhar os vários conceitos que ele transmite, mas nesse momento meu foco maior tem sido na simplicidade e na busca do essencial. Por isso, o que mais tem me inspirado ultimamente são os pequenos momentos da rotina puramente simples e calmos, como fazer um chá no domingo e andar descalça em casa. Tenho parado cada vez mais pra observar e, de fato, apreciar esses momentos da vida.
O que é viver bem pra você?
Viver bem para mim é exatamente a missão que uso para descrever o ateliê. Viver aproveitando momentos que são um convite à pausa e à contemplação.
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Muita inspiração pra apreciar a beleza da vida. Curtiu? Siga a Laura aqui no Instagram e fique de olho em todas as novidades do ateliê!