A tatuagem é uma forma de arte corporal que atrai pessoas em todo o mundo há séculos. Hoje podemos encontrar várias formas de fazer, mas a essência de ornamentar o corpo com desenhos já existe há muito tempo. Por isso, hoje eu vim apresentar a Paola Alfamor, artista que encontrei na minha busca que realmente faz arte na pele.
Eu vinha procurando um traço que eu me identificasse e encontrei uma técnica que me apaixonei, a tatuagem transcendental. É através de um processo ritual de energização pelo cristal de quartzo com criações a partir do sentir e do ser, ou seja nada de máquinas! Conversei com ela para entender melhor essa linda forma que ela encontrou de trazer a harmonia entre a arte e a espiritualidade para o corpo.
Paola, conta sobre a sua técnica?
A técnica que utilizo é ancestral. A muitos anos atrás já era realizada em tribos e clãs, com diferentes ferramentas. Símbolos e desenhos de força marcados na pele ponto-a-ponto. O que utilizo é uma agulha (igualmente usada nas tatuagens com máquina, descartável) ligada ao cristal de quartzo, que acredito nas propriedades que essa pedra tem, de poder de cura e limpeza energética no corpo físico e espiritual.
Dessa forma, a agulha como condutora de energia, emana vibrações que são canalizadas no cristal e expandidas para o corpo enquanto a tatuagem é feita. É um processo menos doloroso, que causa menos traumatismo à pele e torna a cicatrização mais rápida. Como além de artista sou reikiana, cristaloterapeuta e estudante de outras terapias alternativas é uma satisfação enorme unir essa potência energética a essa pratica que perdeu sua força ritual ao longo dos anos.
Como você conheceu o processo e trouxe isso para o seu trabalho?
Conheci através de uma amiga, bela Victória Linhares, que voltara de uma viagem a Índia, no ano de 2011. Nunca havia me interessado antes por tatuar (com máquina) e essa técnica fez muito mais sentido pra mim. É totalmente ritualística e todo o processo é muito interessante e se aproxima bastante com a forma que lido com meu trabalho e vida.
Desde que me abri a arte, acredito e busco-a como um poderoso agente de transformação. Por isso creio nessa ligação com espiritualidade, para a imagem ir além dos olhos e atingir outros níveis.
Quando você percebeu o dom que você tinha?
Não acredito muito em dom. Acredito em busca, persistência. Desde que um risco de arte chegou até mim logo pequenina e comecei a ter a percepção dessa maravilhosidade que é criar, descobri que somos escritores da nossa própria história e que a imaginação nos leva longe. Tenho fé nisso, tenho fé na arte!
Queria que você falasse um pouco sobre a sua troca com quem esta recebendo a arte.
Como na minha visão a tatuagem é um ritual de abertura de um portal visual na pele, a troca inicia-se desde a concepção do desenho, que crio a partir de relatos, ideias ou sentimentos que o receptor quer transmitir. Também me proponho a fazer, depois de uma conversa para sacar os caminhos e pontuar um fio inicial, desenhos traçados diretamente na pele. Logo aí a troca já é intensa!
Ao fazê-las, entro em meditação, concentro toda a minha energia e me coloco em plena presença com o receptor para transmitir o fluxo energético que proponho. São tantas as experiências! E cada uma é muito única e especial. É muito gratificante escutar relatos após o processo de quem realmente sente essa profundidade. Sou muito grata a todas as trocas!
Paola, li em alguns lugares que você se define como artista polimorfa, nos diga mais sobre isso?
Ser artista é como se reinventar a todo momento. Você tem a necessidade de mostrar (-se) coisas novas, tem essa sede de criação. Demonstro isso através de diferentes movimentos: com o desenho que foi meu ponto de partida e o que mais desenvolvo em diferentes suportes: em papéis, telas, muros e a pele; com a fotografia que expõe minha lei que é vida=arte e universos transcendentes da união da mente+natureza; em experimentações com o próprio corpo e mais curiosamente em produções visuais em vídeo, maquiagem artística, cenário.
Também há pouco tempo lancei um livro chamado ‘Portal’, de produção manual, que carrega muita energia sensível em uma narrativa de interpretação própria do leitor, em uma histórias sem palavras, mas com muito símbolo.
Participo de alguns coletivos como o Estúdio Lâmina, onde temos um espaço de arte e cultura independente localizado no centro histórico de São Paulo que funciona como um laboratório de criação, residência artística, ateliê compartilhado e onde são desenvolvidos projetos e eventos conectados com diversos campos de expressão artística.
Aqui no Rio me juntei a nave MãeAna, que além de uma belíssima banda musical conta com uma carga visual que leva todo movimento a outro nível. E ao Coletivo Abá é um ato criativo para novos ares, uma sinergia de produtoras e artistas com produção em arte visual e audiovisual.
Em Porto Alegre tenho representação do meu trabalho através da Fort, uma nova plataforma que divulga e desenvolve publicações em parceria com artistas gráficos
por meio de feiras e através da web. Ser uma artista polimorfa é sempre buscar a expansão e conexão com outras artes e artistas. Disso que me alimento!