buscando a reconexão

por Cantão

Vivemos numa eterna falta de calma nas rotinas urbanas e é assim que me dou conta que muitas das informações que recebemos não tem valor algum. Aquelas que de fato importam, se perdem no meio do resto. É confuso. Cada um sabe quais são suas necessidades, cada um sabe como se ajustar em meio ao caos e como se organizar “da melhor maneira possível”.

Eu sou acelerada, agitada, intensa. Estou sempre correndo, organizando, pontuando, percebendo e tentando achar soluções. Nunca as encontro, e no fim do dia repito continuamente: “estou exausta”.

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Um belo dia, entre os 5165426389 emails de trabalho, avistei um pontinho de luz. Era um e-mail da minha professora de yoga, Tininha Vidal. Um convite para um retiro: um final de semana no meio do mato ao lado de novas pessoas, uma não-rotina e uma chance para desacelerar. Como boa geminiana que sou, deixei aquela informação no meu radar de dúvidas até a hora que mandei minha confirmação. Melhor decisão que tomei nos últimos tempos!

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Quando falamos em retiro as pessoas logo perguntam “aqueles que não pode falar?”. Segundo o dicionário, retiro é um lugar afastado em relação aos centros urbanos, um lugar em que se procura descanso, paz e recolhimento. Não precisa necessariamente ficar em silêncio; existem tipos e tipos de retiro e cada pessoa deve ir atrás do melhor formato para si. Eu fui atrás de paz, de barulho de bicho, mergulho no rio, da prática de yoga regular e meditação guiada. Foi exatamente isso que encontrei. Uma oportunidade de conseguir conectar minha mente com uma calma e serenidade que antes parecia impossível.

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Durante os dois dias que antecederam a viagem, fiquei ansiosa, elétrica, pensativa e cheia de questionamentos. Era pra ser calmo mas percebi dentro de mim um “medo” ao pensar como seria esse encontro comigo, só comigo, por três dias. Três dias são só três dias mas mesmo assim, inexplicavelmente eu senti uma agonia quase boa.

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O retiro começou quando encontrei com a Mônica, a Helena e o João ainda no Rio. Três desconhecidos que partilharam comigo esse primeiro momento, esse trajeto até o novo. Eu sou fácil de bater papo, principalmente com estranhos e a simpatia e energia deles deixou tudo ainda mais leve e gostoso. Fomos ouvindo música, conversando sobre o futuro, rindo da vida e deixando de lado qualquer vergonha e timidez.

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Quando passei pelos portões da Fazenda Ashram Vrajabhumi já era noite, e mesmo sem conseguir enxergar direito por onde andava, senti uma paz e uma energia muito forte, diferente de tudo que já senti antes. Acho que ali, na minha chegada, no encontro com a minha mestre e amiga e depois de uma deliciosa sopa de ervilhas, o medo já não existia. Acho que no fundo, o lugar em si não faz diferença. O que importa é estar aberto a novas experiências e deixar o corpo sentir as diferentes sensações sejam elas boas, ruins ou apenas, diferentes. É preciso saltar de cabeça, com medo ou sem, mas que seja de corpo inteiro.

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Só pude conhecer de fato o resto do grupo e o Ronaldo, professor e parceiro de vida da Tininha, no dia seguinte e cada encontro foi especial, despretensioso. Estávamos todos ali com o mesmo propósito e isso nos conectou de alguma forma. Foi lindo!

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Não importa muito como foram esses três dias, com quem conversei e como me senti. Cada um deve construir sua própria jornada, se conectar com quem e com o que acha importante. Converse com seu mestre, com seus amigos que já fizeram retiros ou então, simplesmente, faça as malas e encontre um lugar tranquilo que te traga paz.

A única coisa que espero com esse relato é fazer borbulhar dentro de vocês uma vontade de provar o novo, dentro da possibilidade de cada um! Esses três dias e esse momento pra mim foram importantes, um divisor de águas, uma limpeza, um aprendizado e acima de tudo um recomeço.

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Fale com você, entenda como se vê hoje e como se vê amanhã. A vida pode ser muito leve, mesmo na correria de todos os dias. E como diria Proust:  “A verdadeira viagem do descobrimento não consiste em procurar novas paisagens, mas em ver com novos olhos“.