Beyoncé e sua limonada

por Cantão

Impossível não pensar em Beyoncé como uma das artistas vivas mais influentes da nossa geração. Com muita coragem, a artista vem produzindo uma narrativa – que vai muito além da música – para falar sobre força e redenção.

Depois de Formation, LEMONADE, seu lançamento mais recente (e ambicioso até então), fala exatamente sobre isso: é um álbum visual que retrata, ao mesmo tempo, sua jornada pessoal de autoconhecimento e uma mensagem incrível de empoderamento.

O álbum tem doze faixas e colaborações com The Weeknd, Jack White, James Blake e Kendrick Lamar. A sequência de clipes foi exibida na HBO e já virou um grande espetáculo de feminismo e igualdade racial.

Mulher e negra, Bey mostra como sua vulnerabilidade é constante e real. Tudo isso, principalmente, na perspectiva feminina – em todos os clipes. Se não era Beyoncé lidando com alguma fase de sua vida ou referências à época da escravidão, eram mulheres negras fortes. O álbum traça a história de infidelidade e reconciliação. Começa com Beyoncé questionando um relacionamento. “Você está me traindo?”, ela pergunta ao espectador. Quando as evidências da infidelidade começam a aparecer, o primeiro passo é o protesto, seguido pela raiva.

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Ela então aparenta relaxar o tema de uma parceria não fidedigna e o enredo muda em direção a um “cessar fogo” e à reunião. O especial chega ao fim com imagens de casais felizes e uma conclusão de que nossa heroína segue em frente. “Meu torturador se tornou meu remédio”, explica Beyoncé. “Então vamos nos curar. Vamos começar novamente.

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Enquanto ela passeia pelo enredo do relacionamento, também conta uma história da experiência de ser uma mulher negra. Um trecho retirado de um discurso de Malcom X declara: “A pessoa mais desrespeitada nos Estados Unidos é a mulher negra. A pessoa mais desprotegida nos Estados Unidos é a mulher negra. A pessoa mais negligenciada nos Estados Unidos é uma mulher negra.” Homens são praticamente ausentados do filme, fisicamente e emocionalmente. No lugar deles, diversos grupos de mulheres aparecem diversas vezes, revelando uma união baseada na solidariedade e irmandade.

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Afinal, se a vida te dá limões… você espreme e faz uma limonada. Uma curiosidade sobre o nome do álbum:“Lemonade”, vem de uma superstição antiga em que negros acreditavam que beber limonada iria clarear a pele.

A obra é praticamente uma carta de amor à todas as mulheres negras que já existiram. E uma metáfora linda e pertinente pra fazer a gente refletir muito sobre este processo de confronto com nós mesmos e com o mundo à nossa volta.

Por enquanto o álbum está disponível apenas no TIDAL.
Vale – e muito – ouvir e assistir! 😉