Em um mundo cada vez mais barulhento, o multiartista Lucas Vasconcellos lança seu terceiro disco solo e o batiza de ‘Silenciosamente’. O trabalho é um registro de canções dos álbuns “Falo de Coração” (2013) e “Adotar Cachorros” (2015) além de releituras de Hyldon, Legião Urbana, David Bowie, Carlos Lyra e Vinicius de Moraes.
Como os trabalhos sonoros de Lucas se utilizam de muitos instrumentos diferentes, técnicas de edição, mixagem complexas e arranjos eletrificados, o artista – ex-Binário, atual Letuce e ainda integrante da nova formação da Legião Urbana que tem rodado o Brasil celebrando os 30 anos da banda – optou por respirar fora desse ciclo e imprimir um olhar mais genuíno, àquele mesmo olhar que o fez enxergar e se apaixonar pela música quando ainda era um adolescente.
“Gravei tudo em estúdio do mesmo modo que se gravava um take há 50 anos. Apenas microfones captando um corpo que canta e toca um instrumento simultaneamente. O som gerado na sala foi capturado e pronto. Sem edições, sem nenhum recurso de pós-produção ou modeling sonoro“, conta. “Tive muita saudade de estar mais próximo da gênese das canções. Estive muito envolvido com arranjos mais complexos e com instrumentos eletrônicos nos últimos trabalhos. Estava me fazendo falta observar as canções desse jeito mais cru“, completa Lucas. Uma curiosidade: o violão usado na gravação de Silenciosamente pertenceu ao pai de Lucas.
Apesar da agenda cheia – Lucas é um dos músicos mais solicitados da cena contemporânea carioca – ele gosta de ver TV, fazer yoga e cozinhar quando não está nos palcos. Embora raros, já que conciliar a tour da Legião com o lançamento de um álbum solo não é tarefa fácil, estes momentos ajudam Lucas em seu processo criativo uma vez que suas canções costumam falar de situações e sentimentos comuns a todos nós.
O trabalho intimista lançado recentemente por Lucas numa casa de shows pequena na cidade do Rio de Janeiro contrasta muito com seu momento atual já que com a Legião ele tem tocado, frequentemente, para 10 mil pessoas. Mas fazer parte desta “tour dos sonhos” de todo músicos entre 25 e 40 anos tem sido uma experiência extraordinária. “Toco as músicas que eu tocava quando estava aprendendo violão. Sou super fã da banda. Estar com os autores destas canções que me marcaram é incrível. É um ambiente muito bacana, cheio de generosidade e boas vibrações“, diz empolgado.
O ano ainda está começando mas Lucas já tem muitos planos. “Quero produzir discos de outros artistas, compor trilhas sonoras pra cinema, estar em cena com a peça ‘Mata-me de Prazer’ e continuar colaborando como instrumentista em projetos variados, além, claro de estar em movimento com minha banda, a Letuce, e com meu trabalho solo“, sentencia.
Como fã do rapaz, eu espero conseguir estar por perto de tudo que ele lançar. Enquanto isso, vou ouvindo Silenciosamente, no silêncio do meu lar, doce, lar.
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crédito das fotos: Julianna Sá (capa do álbum), Vitor Jorge e Aline Miranda (destaque).
