playlist girl power

por Cantão

Pode não ser tão explícito, mas estamos cercadas de músicas com letras machistas (a maioria com duplo sentido) em todos os gêneros: de clássicos do rock atá as batidas do hip hop passando pelo samba. Mas nesta “semana da mulher”, nada como ter uma (mini) playlist empoderadora prontinha para você usar e abusar sempre que precisar porque, você já sabe, #MachistasNãoPassarão.

1. Desconstruindo Amélia – Pitty

Pitty descreve a típica “Amélia”, aquela mulher tão dedicada ao seus afazeres domésticos e à família que acaba esquecendo de seus próprios objetivos na vida. Mas tudo isso muda quando ela descobre que tem outras escolhas. A música virou um hino em seus shows, principalmente, entre as mulheres.

Trechinho #GirlPower: “Hoje aos 30 é melhor que aos 18 / Nem Balzac poderia prever / Depois do lar, do trabalho e dos filhos / Ainda vai pra night ferver / Disfarça e segue em frente todo dia até cansar / E eis que de repente ela resolve então mudar / Vira a mesa, assume o jogo / Faz questão de se cuidar / Nem serva, nem objeto / Já não quer ser o outro, hoje ela é um também”.

2. Pagu – Rita Lee e Zélia Duncan

A música composta por estas duas superartistas, Rita Lee e Zélia Duncan, é inspirada na escritora e jornalista Patrícia Rehder Galvão, a Pagu, uma grande referência para o movimento feminista brasileiro. E faz referência também às mulheres que foram queimadas em fogueiras acusadas de bruxaria entre os séculos XV e XVIII pela igreja católica.

Trechinho #GirlPower: “Só quem já morreu na fogueira sabe o que é ser carvão / Eu sou pau pra toda obra, Deus dá asas à minha cobra / Minha força não é bruta / Não sou freira nem sou puta / Nem toda feiticeira é corcunda / Nem toda brasileira é bunda”.

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3. Me Garanto – Karol Conka

A artista é considerada uma das principais representantes do rap feminino no país. Curitibana, a diva é negra, militante feminista e conquista cada vez mais espaço com seus versos empoderadores. Vale também ouvir a música “Tombei“.

Trechinho #GirlPower: “Se quer medir forças / Sei que me garanto / Sem conversa frouxa, sem olhar de canto / Fecha a boca, ouça, eu não tô brincando / Sua estratégia é fraca / Já vou chegar te derrubando”

4. Maria da Vila Matilde – Elza Soares

Elza fala sobre a luta da mulher em suas canções há décadas. Ícone do feminismo nacional, a artista lançou em seu álbum mais recente – a pérola lançada ano passado e batizada de “Mulher do fim do mundo” – a canção Maria da Vila Matilde encorajando mulheres a ligarem pra polícia quando forem vítimas de assédio moral e agressão. Claro que é um dos pontos altos do show.

Trechinho #GirlPower: “Eu vou ligar prum oito zero / Vou entregar teu nome / E explicar meu endereço / Aqui você não entra mais / Eu digo que não te conheço / Ce vai se arrepender de levantar a mão pra mim”

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5. Esôfago – Karina Buhr

Um grito de liberdade ecoa em cada verso do disco “Selvática” da pernambucana radicada em São Paulo, Karina Buhr. O mesmo acontece em “Desperdiçando Rima”, primeiro livro da artista lançado em 2015. Já na capa deste trabalho, a artista está de peito aberto e nu, munida de um punhal com pulseiras e colares. A canção “Sou um monstro” traz versos emblemáticos. Mas é em Esôfago que a artista grita e chama atenção para um problema muito sério: o feminicídio (quando o crime praticado contra a mulher ocorre por razões da condição de sexo feminino).

Trechinho #GirlPower: “Eu não posso te deixar, te deixar, querida minha / Te levarei junto / disse o assassino / Com aplausos do público”

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6. Vagabunda – Clarice Falcão

Depois de lançar, em novembro passado, o clipe da regravação Survivor, sucesso da banda Destiny’s Child, nos anos 80, Clarice, que já era amada e seguida por milhares de fãs, tornou-se um dos ícones do movimento entre a geração Y. Mas são nos versos de Vagabunda, uma das faixas do novo disco da artista batizado de “Problema Meu”, que ela inverte a lógica da “canção de inimiga”, subgênero do funk cantado por Valesca Popozuda e Ludmilla, e se solidariza como mulher com a amante de seu marido. Uma aula de sororidade (sororidade é o pacto entre as mulheres que são reconhecidas irmãs, sendo uma dimensão ética, política e prática do feminismo contemporâneo).

Trechinho #GirlPower: “Toma um chopp comigo, vagabunda / Que eu sei a vagabunda que eu sou / Repara, que conexão profunda / De ter compartilhado um mesmo amor”

Aumenta o volume e canta alto! 🙂

créditos das fotos: divulgação, Lucas Bori e Mariana Zarpellon.