a toca de Maria Antonia

por Cantão

Quando fecho os olhos e imagino a Maria Antonia Souza, a primeira coisa que me vem a cabeça são suas mãos cobertas de tinta, uma roupa rasgada com rastros de conquistas e decepções de algum estudo artístico – geralmente bem bagunçado e sujo, mas do jeito que ela gosta.

Suas mãos são ávidas por sensações, texturas e experimentos. A Antonia, pra mim, é Ton, mas no cantinho das obras, você vai ler Maria Antonia Souza.

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A Ton, é uma espécie de processo. Uma pessoa que não é uma coisa só. Se transforma, se adapta, (se) procura e nem sempre (se) encontra. Para ela, o curso do Charles Watson, feito em 2014, foi um divisor de águas. Nessa altura ela percebeu um mundo não explorado dentro de si. Decidiu então mergulhar, sem saber ao certo qual era a profundidade desse salto.

Existe dentro dela uma calmaria, uma não-pressa. Uma necessidade de dissecar para entender. Paciência para encontrar um certo que, no fundo, não existe. A Antonia está sempre a procura, em movimento, atravessando pontes e imergindo em oceanos desconhecidos.

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Há alguns anos (dois) ela vem trabalhando no que ela chama de CarneeCorpo. Uma espécie de imersão para tentar entender a relação entre ser e humano. Faz uso das ferramentas e formas de maneira brutal e dilacerada, mas, veja bem, nunca deixa de lado uma beleza monstruosa.

Mais uma vez eu fecho os olhos. Penso nas cores. Vejo tons rosados, tons de terra, vermelho. Muito vermelho. Sangue.

Junto da intensidade, sinto a paz dos tons pasteis e do espaço acolhedor onde ela se entoca. A Toca do JB é o lugar seguro da Antonia, onde ela guarda todas as suas ideias, inspirações, loucuras, experimentos e aquela bagunça pessoal que só nós entendemos.

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A primeira vez que fui até lá conhecer esse universo foi uma experiência e tanto. Enquanto você sobe a Lopes Quintas deixa pra trás o caos da rua, o ruído dos carros, a buzina agonizante que os ônibus produzem e então começa a sentir o corpo esquentar a medida que a rua se inclina.

Quando já, só se ouve algumas conversas de esquina, vassoura no asfalto e vento nas árvores, é hora de se deparar com um riacho. Curioso lugar novo “tão perto de casa”.

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Para finalmente chegar no cantinho dela, é preciso passar por uma mini ruela cheia de histórias na parede.

A minha dica é: cheguem lá, visitem. Basta chegar, tirar o sapato e arrumar algum pedaço de chão limpo para sentar e observar. É como um desktop cheio, só que real. Com texturas, cores, colagens, referências, adesivos, fotos, tecidos… mergulhem. Uma inspiração para todos aqueles que precisam desacelerar.