pra fechar

por Cantão

Não sei quantas vezes eu vejo por aí: “20 coisas para se fazer antes dos 20 anos” ou “30 lugares para se ir antes dos 30 anos” e claro que as matérias param por aí, pois escrever “40 anos” já não consta na ideia de publicidade das agências moderninhas, metidas à divertidas e descontraídas.

Entendo a mania do ser humano fazer listas. Ajuda a organizar o pensamento, mas acredito que cada lista exige auto-conhecimento, então do quê adianta uma pessoa que odeia mar, areia, coqueiros, obedecer a lista super hype que diz que o legal mesmo, antes dos 30, é passar tantos dias em tal praia super desconhecida da Bahia? Do quê adianta obedecer os outros, as normas, as regras, a sociedade, se até onde a gente se lembra, essa vida é só essa? Vamos ao que interessa, por favor. Faça esse favor a você.

2015 chegando ao fim e eu completamente sacudida por tudo que esse ano representou. E ainda falta 1 mês, eu sei. E dezembro sempre surge com uma surpresa, eu sei. Mas esse ano teve uma personalidade própria, e eu só posso ser grata a isso.

Nunca falei tanto sobre mulher, nunca pensei tanto no fato de ser uma mulher, nunca questionei tanto o fato de não ter muitas amigas negras, nunca li tanto sobre o assunto, nunca discuti tanto, nunca calei tanto, nunca ouvi tanto, como nesse ano de 2015. Estou bastante emocionada com tantos relatos, bastante enfurecida (principalmente com Eduardo Cunha) e bastante animada com a geração futura.

Dá próxima vez que você vir uma lista, com ordens do que fazer e não fazer, e estipulando idades, faça um favor a você mesma e ignore. Ignore por completo. Procure algo mais profundo. Porque realmente não importa se você tem 43 anos e está com vontade de pintar seu cabelo de azul. Sim, você pode parecer ridícula, mas ridícula pra quem? Pra mim? Que nem te conheço? E não sou do tipo de ser humano que vai perder tempo em comentar o que acha na sua página. Porque minha opinião é tão desnecessária quanto essas listas.

Por um 2016 mais livre, sem listas obrigatórias ou indicativas, que em nada dialogam com sua vida real. Sem 21 maneiras de acabar com aquela gordurinha, sem 10 dicas para conquistar nada, nem homem, nem trabalho. Nosso instinto não está ao nosso lado, está dentro da gente. Que a gente desperte cada vez mais para isso em 2016.