as esmeraldas de tiê

por Cantão

Esmeraldas, novo disco de Tiê (e um dos lançamentos do ano) é marcado não só pela delicadeza na sonoridade, como também pelas parcerias de peso.

Entre eles, David Byrne (ex-Talking Heads) faz participação em “All Around You”, Guilherme Arantes canta junto “Máquina de Lavar” e Adriano Cintra (ex- Cansei de Ser Sexy) e Jesse Harris (que já trabalhou com Norah Jones, Melody Gardot e Madeleine Peyroux) encabeçam a produção. A ilustradora Rita Wainer também participa assinando o encarte.

Muito mais pulsante e rock ‘n roll, o terceiro álbum da cantora e compositora é elaborado, e marca uma nova fase em sua carreira e vida.

Como a gente já contou por aqui, durante o lançamento da coleção Origem rolou o Palco Cantão, com pocket shows da Tiê por todo o Brasil. E é claro que a gente bateu um papo com ela no backstage… vem ler:

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Você compôs dois álbuns que narram muito bem o seu cotidiano e momentos diferentes da sua vida. Em “Sweet Jardim”, conhecemos uma Tiê mais doce e densa. Depois, “A Coruja e o Coração” retratou a sua leveza e alegria em se tornar mãe.
Qual a história de “Esmeraldas”?

“Esmeraldas” mostra uma terceira fase dessa mesma Tiê. Mas uma Tiê mais madura, mais gasta e cansada. Com duas filhas, compondo músicas, com muitas coisas para fazer, muitas contas para pagar… eu diria um pouco mais nervosa, com um lado mais explosivo. Por isso que o próprio som desse álbum tem muito essa característica de botar para “fora” esses sentimentos, mas de forma mais forte.

Em “Máquina de Lavar” percebemos as dores e as delícias de ser mãe de duas meninas (Liz e Amora), dar conta dos afazeres domésticos, compor, tocar violão e ufa, ter uma agenda de shows atribulada. Como tem sido?

Tem sido bem puxado! A música mostra bem isso, como o trabalho doméstico leva você para outro lugar.

Quando surgiu a oportunidade de criar ao lado de David Byrne?

A participação do David Byrne foi um presente. Eu conheci ele em 2011 em NYC, e trocamos e-mails. Ano passado eu dei um pulo por lá e o convidei pra almoçar.
Contei pra ele um pouco do momento que eu estava vivendo – de secura criativa. Estava naquela fase de ter muita coisa para fazer e pouco tempo para criar.
Falei “se você tiver qualquer coisa para me ajudar, uma dica ou livro inspirador, tô topando qualquer ajuda sua, mas se você tiver uma música vai ser perfeito”.

Ele foi super generoso e uma semana depois me mandou 2 músicas! Daí quando o disco nasceu para mim, peguei essa música [All Around You] e trabalhei junto com o meu grande parceiro do disco André Whoong [tecladista], que é um gênio musical. Também rolou a participação muito bem-vinda do Tim Bernardes, que fez a letra junto comigo trazendo um olhar diferente em cima do tema que o Byrne tinha proposto, e que acabou resultando numa música assinada pelos quatro.

O Byrne gostou muito, aprovou, e no final, quando o disco estava praticamente pronto, convidei ele pra cantar e ele topou. E ter ele no disco é sensacional, né?

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Com certeza, o resultado ficou incrível. E como foi a turnê com o Palco Cantão, conta um pouquinho pra gente?

Foi super legal. Como a turnê foi um pouco antes do lançamento do disco, foi uma ótima chance para treinar algumas músicas e sentir um pouco a recepção da plateia.

Quando você faz um show mais intimista e para um público mais diverso, que não são exatamente seus fãs, é muito bem-vindo porque é a chance de conhecer pessoas que não te conheceriam. Fiquei muito feliz, os shows foram muito queridos, e como as lojas tem um clima bom, isso ajudou muito. As pessoas pararam para assistir os shows e interagiram muito, diferente de um palco aberto.

Você escolhe os seus figurinos?

Não, eu tenho alguém para me ajudar sempre, até porque sou extremamente básica, se deixar uso calça jeans e camiseta do meu marido todos os dias (risos). Sou muito simples, gosto de roupas confortáveis, não uso salto alto… claro que para show sempre tenho ajuda, até para me diferenciar um pouco e não ficar com aquela “cara de cantora de mpb”.

Quem me acompanhou a vida inteira foi a [estilista, figurinista e ilustradora] Rita Wainer, que também fez as artes da capa de “Esmeraldas”. Mas agora ela passou o bastão para a Isadora Gala, que não só faz meus figurinos e pensa na parte de make também; ela conseguiu encontrar um estilo que me agrada muito.

Qual a sua relação com a moda?

É delicada, porque sempre quando você se apresenta tem que ter respeito pelo outro, e sempre se sentir confortável. Não gosto de usar roupas que me apertam ou incomodam… acho que a moda é isso: mostrar seu estilo de forma autêntica, mas sem avacalhar muito (risos).

O que não sai da sua playlist?

O que não sai da minha playlist, não sai há muito tempo… esse ano continuo ouvindo muito Metronomy, tô escutando bastante o disco novo da Márcia Castro, também o clássico Ram (1971) do Paul McCartney… e bom, não dá pra fugir: tenho escutado muita música infantil (risos)!

Curtiu? Adoramos vê-la cantando de pertinho!
Pra acompanhar mais o trabalho da Tiê, é só ficar de olho na fanpage e no site oficial dela – guenta que vem mais surpresas boas por aí! 🙂