mochilão ásia: mianmar, a terra dourada

por Cantão

Depois de muito tempo idealizando (e economizando), duas amigas e eu conseguimos parir o mochilão que há muito sonhávamos. Deixamos nossos empregos para trás, demos um até logo para os respectivos namorados, amigos e família e partimos para uma trip de três meses pelo sudeste asiático.

A primeira parada foi em Mianmar, país que mal conhecíamos, mas que já nos envolvia pela sua aura misteriosa.

Para conhecer mais sobre a história de Mianmar, vale assistir ao filme “Além da Liberdade”, que conta a história impressionante de Aung San Suu Kyi, grande líder da oposição no país, vencedora do Prêmio Nobel de 1991 – que vive isolada e incomunicável em prisão domiciliar até os dias de hoje.

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Basta uma pesquisa rápida para se impressionar (e se questionar) como esse país passa quase que imperceptível. Com tamanha cultura, diversidade, belezas naturais e humanas… é difícil de acreditar.

Mianmar é a antiga Birmânia, que em sua simples etimologia significa “Terra do Deus Brahma”, mas poderia facilmente se chamar “Terra de todos os deuses”, pela sua explosão espiritual absurda.

Como o mochilão seria extenso virou low budget! Nós escolhemos nos aventurar em albergues de pouca infraestrutura e também topamos nos alimentar como os locais: na rua! O país pede uma visita finamente consciente, em todos os aspectos. Ele só foi aberto para turistas há dois anos (!), por isso tem sua cultura e pureza tão bem preservadas. E seu atraso também. Caixas eletrônicos, por exemplo, são uma raridade! A solução é ir com todo o dinheiro em mãos.

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Primeira parada: Yangon

Nossa primeira parada foi em Yangon, maior cidade do país e a antiga capital. A palavra-chave por lá é miscigenação. Um mix de culturas, cheiros, barulhos, religião – indescritível! Por vezes me sentia em Cuba, Índia, México, Afeganistão… mesmo sem nunca ter pisado em nenhum desses países. A imaginação é uma dádiva mesmo.

A parada obrigatória – a Shwedagon – confirma essa sensação de elevação espiritual.
A atração é uma pagoda (templo budista que também serve de monumento) gigantesca, brilhante e toda em placas de ouro. De tirar o fôlego!

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O complexo que foi se criando em volta dela que faz o lugar tão impressionante: templos menores, salas de oração e pequenos edifícios religiosos de todos os tipos.
São milhares de monges e birmaneses pra lá e pra cá, orando e agradecendo aos deuses.

Vale – e muito – uma visita guiada para saber a história e se encantar pela crença e cultura local.

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Segunda parada: Bagan

É o “carro-chefe” do país. E não é para menos: Bagan poderia ser o carro-chefe do mundo! A região é simplesmente um deserto que abriga 2 mil templos – um mais precioso e incrível que o outro! Aqui, a sensação é de estar em um paraíso em… Marte! É indescritível a sensação de alugar uma bicicleta elétrica e ficar o dia inteiro desbravando aquele “mini-planeta”.

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Uma das melhores pedidas por lá são os passeios de balão. Como estava com o bolso apertado, não fui. Mas é incomparável ver a manhã chegando e os balões começando a subir…

Outro hotspot é o Monte Popa, um dos lugares mais sagrados e reverenciados do país. O local é alvo de peregrinos que sobem milhares de degraus para chegar na morada de deuses e espíritos poderosos.

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Terceira parada: Kalaw e trecking até Inle Lake

Depois de uma parada sem compromissos em Kalaw, encaramos um trecking para chegar até Inle Lake. Foram três dias andando de 20 a 25km – provavelmente os quilômetros mais incríveis da minha vida. As paisagens não foram tão emocionantes assim, mas as experiências são inigualáveis. É andando que se absorve o seu entorno. Com rapidez pode até se entender. Mas poesia não foi feita para entender, foi feita para incorporar!

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Foram dias de banhos de cachoeiras, cochiladas na sombra das maiores e mais lindas árvores que já vi, almoços inusitados em monastérios, aplausos para o pôr do sol e no fim do dia, o merecido descanso em casinhas de sapê em vilarejos.

Mesmo sem entender uma palavra, interagimos com as crianças locais na linguagem universal do sorriso. O povo birmanês trabalha mas também sabe aproveitar a vida.
As pessoas se divertem com as coisas mais simples. É uma vida calma, que segue um ritmo próprio. E isso é contagiante!

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Quarta e última parada: Inle Lake

Inle Lake é uma cidade tranquila, ideal para ficar andando de bicicleta por aí. Uma das atrações principais é o lago, que mais parece um oceano! A boa é contratar um barqueiro para passar o dia com você – assim dá para escolher os lugares que quer conhecer. Se você quiser mesmo uma experiência diferente, vale conhecer a vila Long Neck (aquela tribo das mulheres com pescoço alongado) ou as casas de gatinhos treinados por monges.

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Mas fique esperta e seja firme para que o barqueiro te leve exatamente ao destino escolhido, se não ele vai te levar onde ele ganhará alguma comissão. Outros dois pontos bem bacanas de se conhecer são Mandalay e Hpa An, que fizemos uma passagem bem relâmpago.

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Fui pra Ásia crente que ia socializar com todos os monges – e que corria sérios riscos de virar monja também. Chegando lá, vi que era algo completamente diferente: eles são muito reservados e praticamente “intocáveis”.

Depois de assistir ao pôr do sol em um monastério, vi um sino e, curiosa que sou, fui ver sozinha de perto, e comecei a passar a mão. Quando vi um monge se aproximar, pensei logo “opa, esse treco aqui é sagrado! vou tomar esporro e ainda um karma de brinde”, mas ele só se aproximou para me entregar o batedor pra eu mesma tocar o sino! Foi emocionante. Não só pelo contato com ele, como por tocar o sino, que equaliza as suas vibrações – tudo isso no alto daquele morro, no meio de um sunset impressionante!

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Independente do seu roteiro ou o que for visitar, fique tranquila. O destino é uma viagem interna, para encontrar novos significados para a vida.

Pois o melhor de lá está em todos os lugares: o povo com toda a sua pureza no olhar e a energia. Um lugar mágico com um povo especial, que me deixou com o coração apertado (mas tranquilo) da minha chegada até o último suspiro…

CONTINUA…