Há muito procurava uma viagem que me desse aquela sensação de refúgio. Um pouco de distanciamento do meu pequeno mundo. À beira dos quatro anos de relacionamento, me observo no começo do resto da minha vida… a gente curte uma aventura, mas não nega o frescor na sombra das palmeiras (e quem negaria?). Então, escolhemos juntos como destino um paraíso que abarcaria todos nossos anseios, emoldurando as queridas “férias de mel”: Fernando de Noronha.
Na pista de aterrisagem você entende ao que veio. Noronha é soberana, mãe de toda cor. Aqui a natureza te ensina a esperar como o mar e seguir conforme a maré.
É só saber observar que a alma já segue dançante…
Assim foi o começo da minha primavera, desvendando encantos que nem sonhávamos ver. Por lá é tudo assim mesmo: paisagens penetrantes, povo do bem, brisa solta o dia todo. Fomos sem roteiro definido, mas no final de seis dias deu tempo de fazer quase tudo. Estar por lá era um constante convite à pausa, caminho de uma presença difícil de encontrar em nossas rotinas atribuladas da cidade grande.
Chegamos na tarde de um domingo de sol. Corremos para deixar as malas e fomos direto curtir o fim de tarde na Praia da Conceição. Ficamos em uma hospedaria, que são as casas de pescadores que ganharam vez de pousada: tem estrutura confortável (ar condicionado, banho quente, tevê e afins) e, de verdade, nem precisa de mais que isso.
Por lá, o esquema é acordar cedo e passar o dia todo fora, portanto não se esqueça da água, lancheira e do guarda-sol. Outra coisa que não dá para ficar sem é o bugre.
Alugamos todos os dias e ele nos trouxe uma liberdade de deslocamento essencial, já que o transporte público de lá não é nada ágil.
Nesse dia jantamos no restaurante delicioso O Pico, que na verdade é um mix de lojinha dos artistas locais, café e restaurante, além de ficar aberto até tarde.
No dia seguinte de manhã, já fomos logo esquematizar os agendamentos e afins.
Alguns passeios que fazem parte da área de preservação da Ilha e por isso, tem limitação de pessoas por dia e algumas delas só são feitas com guias – e também é preciso pagar taxas diárias (dá para se antecipar e pagar online aqui).
Primeiro, é preciso retirar sua carteirinha do ingresso para a visitação dessas áreas preservadas – você encontra as infos num quiosque próprio na praça Flamboyant. Em seguida, é preciso ir até o ICM-Bio e agendar os passeios que deseja fazer.
Logo depois, seguimos para alugar os materiais de mergulho. Lá mesmo conhecemos um guia e fechamos com ele a trilha longa do Atalaia (Caieras). Pronto férias, pode me coroar com sua leveza!
Mochilão completo, fomos recebidos pela Praia do Cachorro, a famosa praia que tem o forró do Bar do Cachorro. A praia era linda e como estava de manhã (com a maré seca) forma-se uma pequena piscina natural no lado direito da praia. Mais tarde fomos caminhando pela praia do Meio em direção à Conceição, agora em um cenário muito mais colorido, enaltecendo a grandeza do morro do Pico que fica à esquerda da praia. Finalizamos o dia na Cacimba do Padre – que é de chorar.
No segundo dia fomos cedo para a Baía do Sueste: hora de nadar com tubarões, arraias e tartarugas! Vale a pena contar com um guia, eles sabem exatamente onde ficam os animais e nadam com você por volta de 40 minutos. Acredite: passa muito rápido e não dá medo nenhum.
Em seguida, fomos visitar a Praia do Sancho, eleita a mais bonita do mundo em 2014.
A caminhada que antecede à praia é uma graça e tranquila que só, é possível encontrar vários mirantes ao longo e ter bons cliques para recordar. Um deles é o famoso Mirante dos Golfinhos rotadores – nesse mesmo dia, apareceram cerca de 500 golfinhos, mas para conferir esse espetáculo é preciso acordar bem cedinho!
A chegada ao Sancho é um pouco sofrida, mas, recompensadora. Você se sente sereia, em meio a tanta beleza e quase nenhuma civilização. Impossível é não sorrir o tempo todo por lá! Ainda deu tempo de passar e ficar um pouquinho na Praia do Boldró. Nosso fim de tarde foi no restaurante Mergulhão ali no Porto, com música boa e quitutes de comer rezando…
No terceiro dia fizemos o passeio de barco, que passa por toda a encosta da ilha, de ponta a ponta. Finalizamos nosso dia na Praia do Leão, que é mais agitada por estar do lado de mar aberto da ilha.
O pôr do sol teve o cenário maravilhoso da vista do Bar do Cachorro. O forró que rola por lá tem fama de ser arretado e começa tarde, por isso, vale uma cochilada pós-praia.
Foi quando aproveitamos o famoso festival da Pousada Zé Maria. É um encontro gastronômico no qual grande parte dos ingredientes são pescados no dia e cultivados na pousada pelo próprio Zé Maria e sua equipe; o preço é fixo, mas a comida é liberada, inclusive a mesa de doces (S.O.S mulherada!).
No quarto dia fizemos a trilha longa do Atalaia: linda, com picos incríveis e um vento forte capaz de levar qualquer energia ruim para bem longe. Não pode esquecer o tênis de jeito nenhum. Mergulhamos em apenas uma piscina natural – vale lembrar que não é permitido mergulhar nelas com o uso de filtro solar!
Para relaxar depois, fomos almoçar na pousada Maravilha, reduto de elegância e astral bom, vale a pena. Curtimos o restinho do dia na Baía dos Porcos, na nossa opinião a mais bonita de todas. É pequenina, porém gigante no quesito beleza. O sunset foi no imperdível Fortinho do Boldró, onde rola um agito, com boas geladas e aquele reggae típico de quem sabe viver.
No último dia resolvemos repetir a dose e visitamos cedinho a praia da Baía dos Porcos. Como chegamos às 7h, e éramos nós, os pássaros e os peixes – e só! Revigorados, seguimos para o último passeio da viagem, a trilha curta do Atalaia: lá conseguimos ver filhotes de tubarão e mais peixes incríveis.
A cada dia que passava, éramos envolvidos por uma melancolia de não poder congelar cada momento e surpreendidos por aquele “muito, muito” que nos envolvia… Mesmo assim, conseguimos fechar a viagem da melhor maneira, com aquela vontade de voltar todos os próximos anos de nossas vidas… Tudo que sabíamos ficou pequeno.
Noronha, a você nossa eterna gratidão! 🙂