adivinha só

por Cantão

Há um tempo quando eu estava procurando casa e a missão parecia mirabolante (não pode muito barulho, mas não pode ser no meio do mato, ó céus das antíteses impossíveis!), comentei com minha vó Marphisa, ao que ela respondeu: “Acende uma vela para São Pedro, ele tem a chave”. Minha vó sempre teve respostas secas para tudo (ela é capricorniana com ascendente em Áries), e eu, que nem sou católica, tive mais fé na minha vó do que em São Pedro em si. Comprei a tal vela, acendi e pedi para achar minha casa. Achei. Agradeci à vovó.

Respeito meu instinto com muita força. As poucas vezes que não respeitei, não teve outra: decepção e um grande aprendizado para uma próxima vez.
Sempre tive interesse por misticismo. Alguns podem pensar que é uma maneira de controle (e talvez seja), mas antes disso, sempre dei muita atenção a um arrepio interno ou uma voz que parecia ser a minha, mas também parecia estar de fora, me guiando, praticamente.

O saber certo, a razão pensante, a civilização material também me chamavam e ofereciam opções de caminhos, mas uma noção vinda do fundo do meu corpo me conduzia às práticas místicas. Claro que tive abertura em casa para isso, mas mesmo que não tivesse, em algum momento eu daria um passo sozinha, em busca.

Existe muito charlatanismo nas práticas adivinhatórias: leitura de mão, tarô, astrologia, etc. Mas também existe em diversas outras profissões. Por se tratar de crenças que não se podem mostrar de forma empírica, essas atividades sofrem muito mais preconceito. Mas sempre tem um momento, eu acredito, e você também devia começar a acreditar.

Sempre tem um momento que a gente arrepia. Arrepia dentro. E arrepio é confirmação. É claro que eu já me consultei com astrólogos e astrólogas que não me arrepiaram. Não significa charlatanismo, só não foi pra mim. E com outros, eu senti, a literatura da pessoa batia com a minha, o modo de expressar, o jeito em contar minha saga, meu passado, meu possível futuro. Batia. O que importa é não deixar de tentar. Vejo pessoas desistindo bem rápido do misticismo, acham que é uma onda, e que passa. Pena.

Acho que como todas as ondas, literais ou não, temos estágios. Se você desiste na primeira marola, na primeira astróloga, primeira leitura de mão, você está desistindo da possibilidade de aprimorar seu instinto em confirmar ou não. Se não bater, tenta outro. Tipo com paixão. “Não é você, sou eu”.

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