paraíso dos cristais

por Cantão

Há um tempo atrás, logo quando voltei de uma experiência de 1 ano na Europa, fiz uma promessa: chega de viajar pra fora, vou conhecer o meu país! Desde então, minha lista de paraísos só vem crescendo e neste réveillon escolhi um que há tempos queria desbravar: a Chapada dos Veadeiros, em Goiás.

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Já conhecia a Chapada Diamantina (que é outro paraíso) e estava louca pra entender por que todos me diziam que eu ia amar a terra dos cristais. Como meu namorado ama natureza, e eu adoro trilhas e cachoeiras, a escolha não foi muito difícil…

Partimos do Rio de Janeiro no dia 25 de dezembro pra tentar pegar alguns dias sossegados, sem muita muvuca de férias e deu certo! São aproximadamente 3h de carro de Brasília até São Jorge – uma reta de asfalto novinho com uma paisagem de horizontes verdes infinitos!

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Passamos pela famosa cidade de Alto Paraíso, point dos extraterrestres (e de muitos esotéricos terrestres), e no lindo caminho até São Jorge (25 min de carro), passamos pelo visual incrível do Jardim de Maitreya e por fazendas particulares, onde estão algumas das muitas cachoeiras lindas da região.

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Quem fizer esse caminho tem que passar no Rancho do Waldomiro, restaurante rústico de beira de estrada, que serve a tradicional matula e produz licores artesanais. A matula é um prato típico dos boiadeiros que levavam o gado da região para os abatedouros de Minas Gerais e interior de São Paulo.

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Chegando em São Jorge, o clima de interior se fez presente pela estrada de terra e pela simplicidade da vila – que ainda estava tranquila. Ficamos na Pousada Baguá (uma das tops de lá), super charmosa com seus bangalôs com vista para o Parque Nacional. O primeiro dia foi só relax e à noite fomos jantar em Alto Paraíso com um casal de amigos. Por lá comemos uma das melhores pizzas da vida no restaurante La Vita é Bella.

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No segundo dia, resolvemos começar por roteiros menos visitados e nossa escolha foi a Cachoeira dos Macaquinhos. A distância de São Jorge é de 50km e é bom ir com carro 4×4. A trilha é íngreme, mas vale muito a pena por que tem 5 cachoeiras maravilhosas pra você se energizar!

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No terceiro dia, primeiro fomos pra Cachoeira das Loquinhas, que fica em Alto Paraíso. É uma ótima pedida se você quer fazer 2 programas em 1 dia. A é trilha bem fácil e agradável, passando por 11 poços de água verde esmeralda até chegar na Cachoeira do Pagé.

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Em seguida, visitamos o famoso e mágico Vale da Lua, com seu leito de pedras em formatos arredondados, que lembra as crateras da Lua. A trilha é super tranquila e tem um visual lindo pros vales da Chapada. Quem for na época de cheia (verão) tem que ficar ligado em tromba d’água!

A programação noturna de São Jorge é uma só: jantar num dos restaurantes da vila e depois passear pelos barzinhos, beber uma gelada, ouvindo da rua vários hits de MPB e forró ao vivo. Indico a Pizzaria Lua de São Jorge e a Santo Cerrado Risoteria (charmosa, boa comida, boa música e vista linda! Sem falar no risoto de carne seca ou o de funghi…pedidas certeiras).

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No quarto dia, escolhemos uma das trilhas mais longas (16km), mas, sem dúvidas, o destino foi o mais bonito da viagem: Cachoeira do Segredo. É indicado contratar um guia para esta trilha, pois atravessamos 13 vezes um rio na ida e outras 13 na volta, passando por caminhos não são lá muito bem sinalizados…

Depois de 2h30 de caminhada pela floresta foi emocionante dar de cara com a majestosa queda da cachoeira! Tinham poucas pessoas lá e por isso foi muito especial ter aquele paraíso só pra gente! Dizem que dentro da cachoeira tem um segredo… fica a dica!

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No quinto dia, conhecemos a Catarata dos Couros, vale ir de 4×4, não precisa de guia, a é trilha fácil (por isso, tinha muita gente). A sequência de 4 quedas no Rio Couros é linda e tem espaço pra todo mundo nadar à vontade. Essa cachu me marcou, por que foi a única onde vi uma cobra bem perto (quem me conhece sabe do pânico!), mas é só não mexer com elas que nada acontece.

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No sexto dia, fizemos uma trilha que pra mim foi a mais difícil: Janela e Abismo. Dica de ouro: não vá com o sol forte e aproveite bastante a piscininha do abismo – é a única água que tem pra refrescar e a trilha é uma subida punk com sol na nuca! Mas não se desanime por que a vista da Janela é surreal! Depois de admirar (e desejar) aquelas duas cachus ali do outro lado do vale, nosso próximo dia já estava definido.

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Completamos uma semana de viagem e só então resolvemos fazer uma trilha do Parque Nacional (roteiro básico de quem vai pra Chapada). O Parque oferece duas trilhas: Canyons 1 e 2, Carioquinhas e a dos Saltos, e depois Corredeiras. Escolhemos a trilha dos Saltos que nos levou à duas cachus, uma de 180m (que não dá para mergulhar) e outra de 120m (pode e deve-se cair naquele poço gigante).

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No primeiro dia do ano, resolvemos mudar de ares e partimos pra Cavalcante – cidade a 100km de lá, com pouca estrutura turística, mas muita riqueza cultural.

Em Cavalcante tem uma Comunidade Quilombola (Kalungas) de 300 anos, onde vivem cerca de 700 pessoas em união e simplicidade. É nesse refúgio cultural que fica a maravilhosa Cachoeira de Santa Bárbara, com uma água azul turquesa única e cristais mágicos pra recarregar as energias pro novo ano!

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Do dia 1º ao dia 6 os Kalungas estavam em festa, já que era época da Folia de Reis, festa tradicional da cultura popular brasileira e motivo de união da comunidade. Decidimos ficar para ver os foliões cantarem as “curraleiras” (brincadeiras em forma de canção), batendo seus pandeiros de couro feito à mão, dançando noite a dentro e “girando” pelas casas da comunidade. Foi inesquecível!

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ONDE FICAR: São Jorge é a vila mais charmosa da Chapada, vale curtir a simplicidade do lugar.

ONDE SE HOSPEDAR: Pousada Baguá, Pousada das Flores, Camping do Pedu e Tiguá.

ONDE COMER: Em São Jorge coma na Pizzaria Lua de São Jorge (pizza a lenha crocante), na Santo Cerrado Risoteria Café (ambiente lindo e risotos ótimos!), no Restaurante da Nenzinha (PF maravilhoso!). Na estrada entre Alto Paraíso e São Jorge tem o famoso Rancho do Waldomiro com comidas típicas imperdíveis e cachaça e licores artesanais (ele é uma figura!). Em Cavalcante vale ir no Encantos de Pizza (parece que o pessoal do cerrado sabe fazer pizza!) e, claro, os restaurantes kalungas de comida caseira feita com muito amor!

LUGAR IMPERDÍVEL: definitivamente a Cachoeira do Segredo.

DICA DOS LOCAIS: A melhor época do ano para visitar é entre abril e junho, pois na seca as cachoeiras ficam translúcidas e também por que não está tão cheio quanto em julho (quando rola o Festival de Cultura, com apresentações indígenas) e durante o verão.

Existem mil Chapadas dentro da Chapada dos Veadeiros e 10 dias não foram o suficiente para conhecer toda a beleza do cerrado. Teremos que voltar! 🙂