Pina Bausch: conheça a trajetória da coreógrafa e bailarina

por Cantão

A coreógrafa e bailarina alemã  Pina Bausch foi por mais de três décadas o nome por trás do Balé do teatro Tanztheater Wuppertal, na Alemanhã. Ao unir a dança ao teatro, contava histórias que mesclavam elementos do expressionismo alemão, pop, cultura erudita e todo drama das relações humanas, fazendo com que expandisse a arte de maneira inédita em todo o mundo. Conheça um pouco a brilhante trajetória da bailarina.

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Aos 15 anos Pina teve o primeiro contato com o universo da dança na Universidade de Artes Folkwang, comandada pelo mais influente coreógrafo da época, Kurt Jooss. Os movimentos  que misturavam teatro com balé influenciariam a construção do trabalho que desempenharia no futuro. Mais tarde, aos 19 anos, teve contato com a fotografia, as artes gráficas e com a ópera, quando foi estudar em Nova York. Foi em 1950 que a dançarina se deparou com uma pluralidade de linhas artísticas que nunca tinha visto na Alemanha.

Toda essa bagagem cultural somada à dedicação em aprender a dança e interpretá-la de seu jeito único fizeram com que Pina tenha se tornado sinônimo de originalidade. Em 1973, com apenas 33 anos, assume a direção Balé do teatro municipal de Wuppertal (que mais tarde viria a se chamar Tanztheater Wuppertal Pina Bausch), onde fez sua companhia crescer. A partir daí passa a romper as fronteiras entre dança e teatro ao fazer apresentações vanguardistas que chocam grande parte do público.

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Em 1974, o espetáculo “Ifigênia em Táuris”, do compositor Christoph Gluck, coreografado por ela, recebe críticas positivas e é aclamado como um dos maiores acontecimentos da temporada de dança da época. Dois anos depois, realiza uma montagem de Brecht e Weill em que rompe com as formas tradicionais da arte e mistura música clássica, popular e jazz entre enredos fragmentários, iniciando uma linguagem corporal incomum para os padrões da época. É também nesse período realiza alguns de seus mais importantes trabalhos: “A Sagração da Primavera” (1975) e “Café Müller” (1978).

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A partir de 1980 com a morte do marido e figurinista responsável pelas montagens de Pina, Rolf Borzik , as apresentações passam a ter a sensibilidade expandida. Os espaços ganharam elementos que passaram a interagir com o movimento dos dançarinos: montes de areia e água corrente se tornariam elementos recorrentes nas peças. A partir daí o trabalho de Pina se tornou conhecido globalmente e ganhou traços das culturas locais onde seria apresentado. No Brasil a peça Água estreou em 2001.

Segundo Fábio Cypriano, autor do Livro Pina Bausch“O legado da Pina Bausch está exatamente em ter aberto a dança assim como a arte contemporânea nos anos 1960 e 1970 (…). Ela trouxe um repertório para o mundo da dança assim como a arte contemporânea trouxe também, que são preocupações sobre questões existenciais, sobre culturas locais e sobre o mundo. Ou seja, ela não se preocupou em deixar no palco o que fosse só do palco”.

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A arte da coreógrafa transcende o teatro e vai parar nas telonas.  Além de ser tema de diversos documentários, surge também como intérprete: no filme “E La Nave Va“, de Frederico Fellini, em 1983, no papel de uma condessa austríaca cega, e quase vinte anos depois, em “Fale com Ela” (2002), de Pedro Almodóvar. Também dirigiu o filme “O Lamento da Imperatriz” (1988), e em 2008 iniciou uma colaboração com o diretor Win Wenders para a produção de uma biografia cinematográfica. O filme estreou no Festival de Berlim, em 2011.

https://www.youtube.com/watch?v=CNuQVS7q7-A

Pina Bausch faleceu em 2009, aos 68 anos, cinco dias depois de diagnosticado um câncer e deixa o seu legado até os dias de hoje inspirando artistas e pessoas que acreditam na arte como ferramenta de transformação e questionamento.

Nesta temporada, onde celebramos o universo da dança, na coleção Movimento, criamos uma estampa em homenagem à Pina, com corpos de bailarinas se movendo livremente. Clique aqui para conhecer e se apaixonar pelos shapes fluidos e cheios de conforto.