Cinco cantoras negras pra ouvir no repeat!

por Cantão

A era é política. Mesmo que você não queira falar nem debater sobre o tema, ele está presente em todos os lugares e, na música não seria diferente. É tempo de promover a representatividade e falar insistentemente sobre igualdade racial. Muitas cantoras da nova geração têm usado sua voz para jogar luz a esta discussão com talento e propriedade.

Talvez você até já tenha ouvido algumas dessas músicas, mas pode ser que não tenha prestado atenção em quem canta. Por isso, selecionei cinco artistas que valem uma audição bem atenta!

Mahmundi: a artista carioca tem uma voz mansinha, com sotaque charmoso, um cabelo black bem bafo e quando pega o microfone não tem pra ninguém: hipnotiza. Ela ecoa um ritmo bem singular com batidas eletrônicas. Mahmundi canta, encanta, produz e compõe e em 2016 ganhou o prêmio “Revelação” da APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte). No mesmo ano, ela lançou seu primeiro álbum.

Tássia Reis: por trás do seu jeito doce e meigo, a rapper esconde uma força sobrenatural. Quem ouve a jovem falar com tanta sutileza, mal sabe que dentro daquele semblante sereno pulsa uma mulher vigorosa, exigente e destinada a combater o machismo e o preconceito racial por intermédio de suas rimas pesadas. “Eu sou a resposta e a pergunta do seu desespero, o que eles tem de idiotice meu som tem de peso”, esse é um trecho de “Ouça-me”, música que faz parte de “Outra Esfera”, álbum de Tássia. A cantora que saiu de Jacareí para o mundo mergulha em um nova fase e mostra o que é afrontamento para o público.

MC Soffia: a MC mirim surgiu ainda criança na mídia e hoje já é uma adolescente. Hoje com 13 mas cantando desde os 6, ela continua dando seu recado pra quem quiser ouvir, principalmente para as mais jovens. Em “Menina Pretinha”, Soffia é certeira e sua linguagem ainda infantil mas coerente e politizada surpreende a todos.

Larissa Luz: nascida em Salvador, a cantora e compositora já gravou dois discos desde que deixou a banda Ara Ketu, sendo o mais recente, Território Conquistado, que faz uma homenagem a várias personalidades negras, com a participação de Elza Soares. O disco foi indicado a Melhor Álbum de Pop Contemporâneo em Língua Portuguesa no Grammy Latino 2016. Seu terceiro trabalho aborda a palavra “grave” sob diferentes aspectos, tanto sob o prisma estético/sonoro como ideológico/semântico.

Luedji Luna: a jovem cantora e compositora baiana lançou seu primeiro álbum recentemente, Um Corpo no Mundo, com influências do jazz, da mpb e da música de terreiro.O trabalho é uma proposta para se pensar a identidade, com um olhar sobre si mesma a partir do contato com os imigrantes africanos na capital paulista. Demarcando o lugar da mulher na composição e sobretudo o lugar de fala da mulher negra, Luedji tem um trabalho extraordinário.