Série “Me Deixa Passar” | Patricia Santos

por Cantão

A cada rodada de saia, uma revolução. A história do bloco-protesto Mulheres Rodadas já é conhecida por aqui. Símbolo de libertação e resistência feminina, o bloco é também um coletivo de mulheres e dá lições inspiradoras de sororidade.

E se tem um exemplo de mulher rodada que dá chão para outras mulheres rodadas voarem ainda mais alto é a maestrina Patricia Santos. A advogada de 43 anos começou como cabeça de naipe do xequerê, e hoje, além de ser uma das regentes do Mulheres Rodadas, dá aulas para todas as mulheres que desejam integrar a fanfarra e transformar sua manifestação em alegria e música.

Na série especial “Me Deixa Passar”, mulheres como ela, passam o batom vermelho e pedem licença pra continuar passando, quebrando barreiras e nos enchendo de orgulho por aí.

Em um bate-papo com a gente, Pati reconhece seu poder, e o quanto suas opressões são resultado tanto de sua negritude quanto de sua feminilidade e, portanto, que suas lutas nessas duas frentes são inseparáveis. Inspire-se:

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Quando que você percebeu que era feminista?

Desde pequena tive que me posicionar de uma forma mais firme diante do mundo por ser uma mulher negra. Obviamente, à época, não tinha noção do motivo, mas acredito que essas questões também me fizeram amadurecer antecipadamente, por estar sempre em busca dos direitos e do respeito que me pertencem. E também sou feminista por ter tido mulheres incríveis, como minha mãe e irmãs, como referências. Elas tiveram papel fundamental para eu me tornar a mulher que sou hoje. E cá estou seguindo em frente!

O que o batom vermelho representa pra você?

O batom vermelho é sinônimo de ser dona de mim, dos meus desejos, das minhas ações, sendo respeitada da maneira que eu queira estar no mundo. Batom vermelho é a liberdade em ser – principalmente, negra!

E se você tivesse que deixar uma mensagem para o Dia da Mulher e para todos os outros dias?

Minha mensagem para todos os dias da Mulher é uma frase da maravilhosa Nina Simone: “Liberdade é não ter medo”. É por essa liberdade que devemos lutar todos os dias, sem deixar que esse medo nos paralise, utilizando-o como fonte de energia na busca da nossa tão sonhada igualdade.

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Cada dia uma luta, cada dia uma vitória. Vamos juntas que logo venceremos todos os obstáculos que seguimos enfrentando todos os dias!