Festival Viver Bem | Entrevista com BNegão

por Cantão

A voz é inconfundível. O jeito com as palavras e como elas se encontram e casam em cada verso de suas letras, é familiar. O nome com certeza você já ouviu falar, ou melhor, rimar por aí… Estamos falando de Bernardo Santos, ou BNegão, um dos rappers mais influentes do país!

Deixando o silêncio de lado e abrindo espaço para a representatividade, liberdade de expressão e aquela bela cutucada na ferida da política, sua música soma cada vez mais ao cenário underground nacional. Não à toa, ele é um dos nossos grandes convidados do Festival Viver Bem! Aqui trocamos uma ideia com o artista, que contou pra gente o que tem feito e o que está preparando pra nossa grande festa no Circo Voador, no próximo dia 16! Dá uma olhada:

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Pra começar a gente queria saber um pouco sobre a sua parceria com o Bixiga 70. Como rolou esse encontro e como está sendo essa experiência?

Eu já conhecia alguns dos integrantes do Bixiga mesmo antes da banda existir. O Décio 7 e o Cris Scabello eram da Rockers Control, uma das melhores bandas de reggae instrumental do Brasil, na minha opinião. Já o Gralha, eu já conhecia do Projeto Nave, que teve uma grande história em São Paulo. E por conta dessa proximidade toda, sempre que rolava algo, combinado ou não, a gente se encontrava e até hoje é assim, responsa total! Sempre que dá a gente chega pra somar no groove!

E no momento, quais são seus projetos: por onde anda e o que você tem feito?

Hoje sigo com os Seletores de Frequência, rodando pelo Brasil e pelo mundo. Esse ano vamos lançar 2 discos, incluindo o nosso primeiro, o “Enxugando Gelo” em um vinil duplo! E o Planet Hemp também voltou à ativa e está nessa pegada. Além disso, estou fazendo a trilha sonora do longa “Correndo Atrás”, do Jeferson De (baseado no livro do Hélio de la Peña), que sai no segundo semestre desse ano.

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O Circo Voador foi o espaço que acolheu seu primeiro “grande show”, certo? Você já tocou por lá com o Planet Hemp e com uma das suas primeiras bandas, a The Funk Fuckers. Como está sendo retornar a esse palco?

Na verdade já toquei lá milhares de vezes. Reza a lenda que sou o músico que mais pisou naquele palco. O Circo foi a causa da existência da The Funk Fuckers. A ideia era fazer um show só pra ter a possibilidade de tocar lá e encerrar. Mas acabou que a banda estourou nesse dia, e seguiu firme e forte por vários anos. E esse foi meu primeiro grande show de fato, tinham umas 3 mil pessoas.

Mas, antes disso, eu já frequentava o Circo de forma assídua, seja ganhando convites sorteados pela Rádio Fluminense FM (a Maldita) ou pulando o muro. É um lugar que faz parte fundamental da minha formação musical. E, mesmo hoje, depois de rodar alguns dos melhores e maiores palcos do mundo, ainda considero o Circo um dos mais legais que conheço. É sempre quente e especial. Seja pra assistir ou pra fazer um show. É um lugar único!

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O que você está achando do cenário atual do hip hop/rap/funk no Brasil?

Tem muita coisa boa rolando por aqui, não só nessas áreas, mas em vários outros estilos musicais, por exemplo: Síntese, Metá Metá, BaianaSystem, Rael, Criolo, Curumim, Anelis Assumpção, Dona Onete, Tropkillaz, o próprio Bixiga 70 e por aí vai…

É uma pena que as rádios, em sua maioria, insistam em seguir a política bizarra e corrupta do “jabá”, o famoso “pagou, tocou”, que faz com que seja muito mais fácil você ouvir a nova produção musical brasileira na Radio Nova de Paris ou na BBC de Londres, do que no nosso próprio país. Ou seja, se tratando de Brasil, tirando honrosas e maravilhosas exceções, se não fosse a internet, já era.

E pra finalizar, o que é Viver Bem pra você?

É viver de acordo com o que se acredita, dentro da sua ideologia de vida e da melhor forma possível.

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Ansiedade a mil!
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créditos das fotos: Jorge Bispo e divulgação