conheça olivia nachle

por Cantão

Olivia Nachle sempre amou escrever e fotografar. Nascida em São Paulo, escolheu o Rio pra chamar de lar. A fotógrafa é uma das artesãs que inspiraram nossa coleção, e uma das nossas convidadas para expressar seu olhar sob o amor próprio no projeto Olhar Amor.

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A artista já colaborou para a Revista Trip, para o incrível A Olho Nu, em parceria com o fotógrafo e escritor Pedrinho Fonseca, e também criou o projeto Ser Água, com a amiga Thais Tavares. Neste último, os ensaios misturam sol, natureza e o nu feminino — todos acompanhados de textos que procuram refletir a conexão com a natureza que as duas tanto acreditam.

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O trabalho sensível de Olivia tem o poder de dar voz às mulheres. Suas lentes as registram em estado de plenitude, e através do corpo despido, elas dividem suas histórias, medos e desejos.

Em um momento no qual nós vamos às ruas pra dizer que os corpos são nossos e as decisões sobre eles também, não há maior beleza do que um trabalho onde as mulheres têm a possibilidade de exibir suas marcas e dizer claramente: “esse espaço é meu e eu tenho orgulho dele”.

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Ninguém melhor que ela para participar do nosso ensaio especial! Confira nosso papo com a fotógrafa e um pouquinho do seu trabalho autoral:

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Como foi seu caminho pra fotografia?

Minhas mais antigas lembranças são todas permeadas pelo fascínio em ouvir e contar histórias. Entre o que mais gostava de fazer, juntar e brincar com palavras pra contar o que eu encontrava pelo caminho era quase que uma delícia diária. Desde pequena, sempre disse que ia ser jornalista. Dito e feito: me formei na PUC e fiz gestão de políticas públicas na USP pra entender melhor as relações e o ser humano.

Em paralelo, sempre tive uma câmera na mão. Desde a época que era só filme, passando por quando lançaram aquelas primeiras digitais, até descobrir que uma câmera era uma ferramenta incrível de caçar e brincar com a luz — e uma das mais impactantes formas de registrar não só momentos, mas respiros e sentimentos. Vi que tinha em mim texto e foto se equilibrando e se balanceando e, com o perdão do clichê de Fernando Pessoa, todos os sonhos do mundo. Na palma das minhas mãos, um universo infinito de contato com pessoas cheias de histórias, sentimentos e movimentos. É preciso (se) inspirar. Me conecto para espalhar.

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Como é a sua rotina fotografando?

Fotografar é um respiro fundo, intenso, cheio de ar, no meio do dia-a-dia. É um momento de oração e de conexão, que me coloca em contato direto com minhas próprias emoções e me traz uma leveza que não consigo nem explicar. Sempre que dá, estou com minha câmera — as mochilas pesadas já são quase que parte de mim. Não tem uma semana que passe que eu não saia para me encontrar com a luz do sol nascendo ou se despedindo e dourando pessoas que cruzam meu caminho.

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O que te inspira e o que você aspira?

Pessoas me inspiram. Luz me move. A natureza me tira do meu ponto de equilíbrio e me inunda de inspiração (expiro). Sentir entrega me empurra pra frente. Inspiração, pra mim, vem todo dia um pouco, das mais variadas formas, e é na fotografia que eu desemboco tudo isso que sinto e faz sentido aqui dentro. Aspiro continuar sendo recheada por isso. Sempre.

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Qual foi o click que te levou a registrar a nudez feminina?

Comecei a fotografar mulheres uns dois anos atrás. O corpo feminino, sempre tratado de forma tão cruel, é tão mais do que nos disseram que ele é. Colocaram padrões, rotularam. E a gente acreditou que tinha que ser assim e assado pra ser bonito. Só que corpo é templo — e carrega um infinito que a gente tem que se permitir enxergar. Às vezes, precisamos nos ver com o olhar do outro para tirar as camadas do nosso próprio olhar. Senti isso desde o primeiro ensaio que fiz. Ele veio assim, do nada, ‘vai e faz’. Fui e fiz. E senti a força que aquilo podia ter. Não parei mais.

Cada mulher que se entrega às fotos me dá mais força e sai mais forte. É um processo de muita reciprocidade. É espelho, é reflexo, é conexão. Virou uma coisa natural, um rotineiro momento de autoconhecimento que simplesmente acontece. Que sorte tanta mulher sinistra cruzando meu caminho. Que sorte!

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Conte mais sobre seu processo criativo.

Fotografia virou religião pra mim. É um momento em que paro no tempo -e me conecto com o que de mais puro outras pessoas têm: suas entregas. O processo criativo nasce da conexão com o outro -parece piegas, mas é simples e verdadeiro. Quando vejo, lá estamos nós, em um outro nível, brincando de caçar luz, de materializar luz, de eternizar olhares. Dançando com a delícia que é ser (e estar) ali, naquele instante. A criatividade vai me inundando a cada pessoa — e história, e sentimento, e pensamento — que passa por mim. Depois de cada ensaio, eu sou outra também, e aquelas sementinhas ficam aqui brilhando e inspirando a olhar pro caminho com muito mais sede de luz. E de conexão.

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Gostou dos looks da Olivia? Aproveite eles aqui.
E pra ficar de olho nos cliques da fotógrafa, é só acompanhar por aqui.