confeitaria de carinho

por Cantão

Sentir amor, afeto, bem querer, e querer doar isso para alguém é genuinamente lindo. E como você demonstra isso? Cada um tem seu jeitinho, né? O meu é na cozinha!

Tudo começou com fortíssima influência da minha avó (salve, Dona Ileana), meio espanhola e meio paulista, que tem verdadeiras mãos de fada. O meu dia favorito na semana era o domingo, ou melhor: quando ela começava toda a preparação para o almoço.

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A brincadeira começava de manhã, logo depois do café da manhã: era demais acompanhá-la desde o mercado até vê-la cortar os tomates, cebolas e pimentões (ela cortava 1 pedaço e comia 4, e faz isso até hoje) enquanto contava histórias para nós.

A assistia preparando as bandejas de aperitivos, o prato principal e a sobremesa. Ah, as sobremesas… eu nunca fui de comer muito e nem de comer bem, mas doce sempre foi comigo mesmo.

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Eu amava tanto as coisas que minha avó fazia: bolo fatias do céu, torta de maçã, canudinho de doce de leite… até do doce de abóbora eu gostava! Ela percebia isso, então, começou a me chamar pra perto do fogão. Depois, comecei a mexer com a colher de pau, mas só um pouquinho, porque o ponto só ela sabia. Até que comecei a tentar reproduzir as receitas, que vinham da minha bisavó e das minhas tias-avós.

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Foi então que em um Natal, eu fui a encarregada das sobremesas. Minha avó ficou orgulhosa — lembro bem do jeito que ela me olhou e disse: “tá lindo, filhinha”. Uma semana depois ela mesma escreveu em um caderno suas receitas e me deu. Foi um dos presentes mais bonitos, especiais e carinhosos que já ganhei. Tinha muito amor ali, sabe? Muita história, muita vida.

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Minha vóc (chamo assim desde que nasci, eu acho), teve 4 filhos e dentre eles minha mãe, que sempre alimentou meu lado lúdico e criativo, dando força para todas as minhas fantasias. Comecei a pensar em como me fazia bem cozinhar, principalmente porque sempre cozinhei para alguém. É um momento bom, uma sensação única poder reunir quem você ama em volta de algo que você fez com tanto coração.

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Muita gente que vive perto de mim falava: “você está perdendo tempo, espalhe essas coisas que você faz logo, o mundo precisa ver”. Foi assim que nasceu a Confeitaria de Carinho, dentro da cozinha da minha casa mesmo, com muito apoio da minha família.

O projeto nasceu por eu acreditar tanto no poder do alimento, principalmente quando ele é feito com as próprias mãos e com a alma. Por acreditar também na humanização da comida, que é colocar sentimento naquilo que as pessoas consomem.

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Ainda estou no início, mas já sinto o poder de trabalhar com o que se ama, de preparar e produzir algo que você acredita. É diferente, pode acreditar, vai muito além de execução. É emocionante!

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Um dos mais pedidos é o naked cake (bolo sem cobertura, que é receita da minha avó, mas com decoração minha), que leva versões com frutas, flores e açúcar impalpável. Além do recheio, que vai desde o doce de leite feito em casa até a cocada mole, passando por brigadeiro.

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O bacana de preparar bolos por encomenda é que é um trabalho verdadeiramente manual e sob medida. Nenhum bolo nunca fica igual ao outro. Seja por deixar o cliente à vontade, deixando-o escolher tudo que ele quiser, ou até por sempre dar um toque especial em cada um deles. Não tem nada tão gratificante quanto isso.

Por isso que eu não consigo parar de cozinhar, de confeitar, de enfeitar, de “embrigadeirar”, de testar… vou seguindo meu sonho e meu coração, com carinho — é claro! 🙂