o mestre do couro

por Cantão

No último mês, nossa estilista de acessórios Liz Unikowski fez as malas e aterrissou em Nova Olinda, no Ceará, para conhecer a oficina de um dos mestres artesãos mais importantes do país: Espedito Velozo de Carvalho – mais conhecido como Espedito Seleiro.

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Do avô e do pai, o cearense de 75 anos herdou o talento e a sabedoria de fazer artefatos de couro legítimo para vaqueiros. Desde que reproduziu o modelo de sandália criado pelo seu pai para Lampião – o Rei do Cangaço – Espedito nunca mais parou de fazer peças rústicas cheias de cor, e que tem tudo a ver com o Cantão!

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Quando abriu sua oficina própria, nos anos 60, o foco da sua produção era de gibões, selas, chapéus e outras peças típicas do sertão nordestino. Mas depois de criar vários modelos de calçados coloridos e bolsas com bordados incríveis, o ganha-pão da família virou sucesso nacional.

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Suas cores e texturas passaram a vestir grandes nomes como o sanfoneiro Luiz Gonzaga e foram parar em revistas de moda, novelas e até no cinema, como no figurino do personagem de Marcos Palmeira em “O Homem que desafiou o Diabo” (2007).

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Em seu ateliê, o processo criativo é totalmente artesanal: Seleiro risca os modelos, escolhe os materiais que serão usados nas peças, com recortes feitos à mão — tudo com a ajuda de seus filhos, que assim como ele, também começaram a trabalhar cedo. É num clima bem familiar que as peças são desenvolvidas na oficina.

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Os arabescos, uma das marcas registradas do seu trabalho tão tradicional, carregam a influência dos ciganos que circulavam pela região.

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Logo ao lado de sua oficina, uma lojinha enche os olhos de qualquer turista com artigos cheios de personalidade e de altíssima qualidade. Além do vestuário, ele também desenvolve móveis robustos de madeira e couro. Sua cadeira mais famosa, a Sertaneja, é como ele mesmo diz: “feita para durar a vida toda”.

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Em 2014, o artesão realizou um sonho: viu nascer o Museu do Ciclo do Couro, um memorial dedicado à ele e aos percursos feitos no caminho das boiadas. Entre as preciosidades, é possível encontrar por lá as primeiras peças que ele produziu e mais sobre sua trajetória. Que aliás, já ganhou uma retrospectiva — a mostra “Da sela à passarela” — que aconteceu em 2013 em São Paulo.

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Outra boa notícia é que Espedito está construindo na cidade uma pequena escola para capacitar os locais. Não é à toa que o artesão foi agraciado com o título de Mestre da Cultura do Ceará, e mais recentemente, também recebeu a Ordem do Mérito Cultural, do Ministério da Cultura. Mais do que merecido, né?

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O artesanato brasileiro é um dos mais diversificados do mundo! Se depender da gente, ele vai ser cada vez mais e mais valorizado. Por isso, fica de olho que vem coisa boa por aí!