Tenho poucos amigos, a culpa deve ser minha. Sou caseira, tenho o signo de câncer na casa 11, a casa dos amigos no mapa astral. Câncer é família. Ou seja: meus amigos, os poucos e bons, são minha família. Mas tenho sorte com encontros. Minha vida é abençoada diariamente por encontros com pessoas de luz. Uma vez abri um peixe com Roberta, que é uma querida, não somos amigas, mas essa lembrança nunca vai ser apagada. Teve também um querido em Curitiba, que abriu sua casa para mim e para minha banda, enchemos a cara, rimos a vida, e nunca mais. Mas que alegria, que sorte o esbarrão.
Para algumas pessoas, o outro (seja o parceiro ou o amigo), tem um peso enorme na vida. Quando a casa 7 (casa do parceiro/a) bomba de planetas, não duvide: são pessoas muito empáticas, com compaixão, lindeza profunda, mas é tanta importância ao outro, que às vezes desistem de um prato, só porque você escolheu outro. Mas é fofo. Eu escolho meu prato em 3 segundos e raramente mudo porque alguém escolheu outra coisa. Tenho tentado melhorar. Acho que estou conseguindo. Outro dia perguntei à moça do restaurante o que ela recomendava, jamais faria isso… tenho natureza de solidão, e tudo bem. Mas tenho sentido vontade de mudança.
2014 acabou e a sensação de que encontrei pouco meus amigos e os meus queridos é forte. Minha família vai dizer o contrário. Vai dizer que eu só encontrei meus amigos.
O tempo é igual, mas a sensação de escassez é cada vez mais real. Eu acordo e é carnaval, pisco o olho e só vejo decorações natalinas. Assustador. Forte.
Em 2015, quero me impor um desafio. Quero encontrar uma vez por semana alguém que eu ache querido. Vou tentar convocar uma pessoa dos meus 5 mil contatos do facebook, por semana, para jantar. Vou querer ouvir histórias de amor, claro. Tem muita gente bacana no mundo que a gente não dá chance, só porque não tem tempo. Quero arrumar esse tempo para trocar.
Já fiz uma lista de 5 pessoas que adoro, mas que nunca consegui estender o assunto. Tomara que eu consiga. E fica a sugestão para você, leitor(a): arrume tempo para família, amigos, amores. Sempre. Mas arrume também para os quase amigos, eles são importantes para a nossa vida. Podem não saber seus segredos, mas se não fossem esses esbarrões, cheios de saúde, nossa rotina seria bem mais triste.
Aos meus queridos quase amigos, em 2015, vou convocá-los. Um brinde! 😉
