Emicida canta Cartola

por Cantão

Conheci o rapper paulistano Emicida pouco antes dele levar o troféu na categoria ‘artista do ano’ numa importante premiação musical televisiva. Dois anos depois, ele lançaria o elogiadíssimo “O Glorioso Retorno De Quem Nunca Esteve Aqui” e participaria da 4ª edição do Festival Faro MPB, extensão do programa que apresento na rádio MPB FM.

Passados outros dois anos, ele torna-se “o” cara da música nacional contemporânea levando (e levantando) questões importantes como o racismo às rádios de todo país.

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Lançado este ano, “Sobre Crianças, Quadris, Pesadelos e Lições de Casa” é um disco importantíssimo pra quem quer entender as transformações recentes vividas pelo rap e pela música atual.

Abordando a negação do racismo no Brasil e o orgulho da negritude, o álbum é para tocar na rádio sim (ainda bem!) e para fazer pensar também. A música “Boa Esperança” é uma pedrada em nosso frágil telhado de vidro. Já o reggae “Passarinhos”, que conta com a participação da cantora Vanessa da Mata, é daquelas canções que nasce hit.

Mas o artista mais representantivo da música contemporânea brasileira da atualidade também é familiarizado com o samba, afinal, cresceu nas quebradas da periferia de São Paulo flertando com o gênero. “Conheci Cartola, Adoniram Barbosa e outros bambas ainda criança. Suas canções me influenciaram muito, o samba é um fio condutor da minha música. No disco que lancei em 2013 – O Glorioso Retorno de Quem Nunca Esteve Aqui – isso já aparece bastante“, relembra, Emicida.

Além de ser fã de samba e pesquisador, eu ainda trago o gênero para o meu universo musical, minha obra. Me influencia muito, até porque acredito que haja muita proximidade entre os gêneros, tanto em sua história quanto musicalmente. Prova disso são os trabalhos notáveis do Rappin’ Hood e Marcelo D2, marcados por essa mistura“, afirma o rapper.

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Ídolo do artista, Cartola será homenageado por Emicida em um show inédito no Rio, dia 9 de dezembro, no Centro Cultural Imperator. Ele vai reler o antológico álbum “Cartola 1974”, do músico homônimo, e ainda se arriscar além das rimas. “Sou muito fã da poesia deste mestre e da beleza simples de sua música“, reconhece.

Com nova roupagem, canções como “Tive Sim”, “O Sol Nascerá” e “Acontece” estão garantidas no set list. E já que o Rio é conhecida como a Cidade do Samba, perguntei a ele o que nós, cariocas, podemos esperar do show e Emicida, genial que só, foi singelo: “ouvir os clássicos do disco através de um novo olhar para a poesia do mestre Cartola“.

Sabe show imperdível? Então… fica a dica!

créditos das fotos: divulgação e Ênio César