entrevista: selah sue

por Cantão

A belga Selah Sue foi revelação em 2011, quando seu álbum de estreia estourou em rádios ao redor do mundo como uma nova promessa do soul e R&B. E lá se foram 4 anos até o lançamento de seu novo trabalho, “Reason“.

Tentando fugir do óbvio, o segundo álbum vem recheado de letras mais maduras, com profundidade emocional e uma sonoridade que mistura soul, pop, trip hop e até uma pitada de reggae. Uma delícia de se ouvir!

A convite da Warner Music Brasil, nós conversamos com a cantora para saber mais sobre a novidade. Aumenta o volume, dá o play em “Alone” e vem ler:

Reason é o seu segundo álbum, o chamado “álbum difícil”. É um mito ou uma realidade que o segundo álbum é sempre mais desafiador que o primeiro?

Bem, na verdade, esta foi a primeira vez que eu realmente tive que criar um álbum do zero. O primeiro álbum foi mais espontâneo, nem passava pela minha cabeça que ele se tornaria um disco.

Foi a primeira vez que eu realmente tive que sentar e compor músicas, porque era meu trabalho. Mas no final das contas, tudo rolou de uma maneira muito leve e suave, porque eu tive bastante inspiração. Eu senti que minha maior inspiração é simplesmente sentir um monte de coisas e me expressar. Então saiu tudo do coração, da mesma maneira que rolou no primeiro disco.

As letras soam mais profundas e as músicas com uma pitada mais pop e eclética.
Você fez alguma mudança na sua forma de compor?

Sim. Eu acho engraçado que muita gente tem diferentes opiniões sobre o segundo disco. Algumas pessoas dizem que é mais obscuro e underground, alguns dizem que é mais pop, outros dizem que não chega a ser eclético e sim, com um estilo único. Mas é uma obra de arte e cada um tem uma opinião.

Achei que as letras das músicas ficaram mais espertas, porque eu tive ajuda de uma amiga que estudou inglês e que me ajudou a compor e expressar a mensagem que eu queria passar. Tudo veio lá de dentro, não fiquei pensando antes de escrever. Tive inspirações da banda, quando estava escrevendo e tocando violão, os produtores também deram alguns conselhos e ajudaram…

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O primeiro álbum é sobre aceitação, encontrar felicidade na vida. Qual a mensagem de Reason?

Eu penso que muitas pessoas criaram uma expectativa: “depois de 4 anos ela cresceu, não é mais adolescente e agora é realmente feliz e totalmente confiante”, mas isso não é verdade. Esse álbum ainda fala sobre encontrar felicidade na vida, porque acredito que isso continuará sendo um desafio para o resto da minha vida e de todo mundo.

Mas acho que o álbum também fala um pouco mais sobre amor… amor por alguém.
No primeiro álbum eu ainda não tinha sentido isso, estava muito ocupada encontrando meu amor próprio. Agora eu finalmente encontrei, então o resultado é uma combinação de amor, autoaceitação e busca pela felicidade.

Você gravou o “Reason on the Road” em diversos lugares inusitados, como estações de trem e aeroportos. Como foi esta produção?

Honestamente, foi bem difícil, porque eu estou acostumada a cantar no microfone, onde tenho um retorno bom e consigo me ouvir. Quando você canta num espaço aberto é difícil cantar alto e se ouvir. Agora eu respeito ainda mais os cantores de rua!

Apesar da dificuldade, eu amei a atmosfera, algumas pessoas ficavam surpresas, alguns sabiam quem eu era, outros não, alguns ficaram incomodados. Adoro a pureza e as reações naturais das pessoas, foi um trabalho muito legal de fazer.

Quando você começou a compor?

Eu tinha uns 14-15 anos. Quando a adolescência começou, eu sentia que tinha muito o que escrever. E para mim era como escrever um diário, um lugar para canalizar minhas emoções.

Escrever numa língua que não é a sua língua nativa foi um desafio para você? Já pensou em escrever um álbum no seu idioma?

Ah sim, foi um grande desafio porque inglês não é minha língua nativa e eu sempre acabava trazendo as mesmas palavras… foi por isso que eu tive ajuda neste segundo álbum de uma grande amiga. Meu idioma não é uma opção. Eu falo o dialeto flamengo [uma denominação regional para o neerlandês falado na Bélgica], uma língua com muito sotaque… e meu sotaque é feio!

Se você pudesse escolher um ícone da música que foi sua grande influência, quem seria?

Acho que a Lauren Hill. Quando eu era mais nova aprendi a tocar violão ouvindo o álbum acústico dela. Ela pode cantar rap, ela canta bem, ela pode fazer tudo. Então eu acho que ela ainda é uma das melhores artistas do mundo!

Não vemos a hora de ela tocar aqui no Brasil de novo! 🙂

Para ouvir Reason você pode ficar por dentro do canal dela no YouTube ou garantir o álbum aqui.

créditos da foto: Alexander Brown